Sete Mentiras sobre o BES, (mas há mais).

Joana Amaral Dias:
1) Mentiram todos (Governo, Presidente da República, Governador do Banco de Portugal) porque todos andaram a garantir que o BES estava sólido como uma rocha (diziam o BES não é o GES, lembram-se?), quando já em 2013 o governador do Banco de Portugal pediu a saída de Salgado (e mesmo assim avançou-se com o aumento de capital ! loucura);
2) ao contrário do que Passos Coelho garantiu, a decisão de injectar dinheiro dos contribuintes no BES não foi de Bruxelas, nem do Banco de Portugal nem da banca. Foi exclusivamente do próprio governo (até existiu uma reunião de banqueiros com a Ministra onde estes pediram que, em vez disso, fossem usados os fundos da troika que estavam destinados aos bancos);
3) Ao contrário do que Passos Coelho garantiu, injectar dinheiro dos contribuintes no BES não era, portanto, a única solução possível;
4) A ministra das finanças e o governador do Banco de Portugal também MENTIRAM quando disseram no parlamento que a comunicação com Bruxelas não tinha existido (antes de 30 de Julho - 4 dias antes da intervenção no BES);
5) O governo mentiu quando disse que a solução encontrada não recairia sobre o bolso dos contribuintes. Aliás, agora é o próprio governo que admite que sim.
6) O governo mentiu quando disse que a solução não teria impacto na economia portuguesa. Agora é Passos Coelho em pessoa que diz que vai ter impacto negativo. Só não sabe é qual. Lata sem limites.
7) O governo foi pior que mentiroso (nem quero qualificar) quando deixou que meio mundo soubesse da decisão dias antes dela ser executada*, sendo que em 3 dias as ações do BES desceram 70%. Quem ganhou com esta operação? Os grandes accionistas e, sendo que 16 membros do governo tinham 1 milhão de euros no BES, a decisão protegeu os interesses dos próprios. Até a PT salvou a sua pele. O resto, vocês sabem. Quem se lixa é/foi o mexilhão.

(nota: A CMVM não foi informada sobre a intervenção do Estado, que era já uma possibilidade a 29 de Julho, segundo carta enviada pelo vice-governador do BdP, à administração do BES. Se tivesse sido informada, a CMVM poderia ter suspendido a negociação das acções do banco)