“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

quinta-feira, outubro 20, 2005

NEM CAVACO, NEM SOARES



Não votarei Cavaco! Por razões ideológicas e políticas.
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Razões ideológicas, porque se trata de uma personalidade de Direita, nos seus princípios e no seu comportamento, individualista e incapaz de qualquer atitude solidária, mesmo com os seus correligionários e com o “seu” partido, de que apenas se serviu e serve para alcançar o poder, cultivando a imagem do “professor que nunca se engana” e do “homem providencial”, de que fala Manuel Alegre.
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Razões políticas, porque, como já aqui afirmei, em meu entender malbaratou um dos períodos melhores da nossa história recente para arrancar definitivamente Portugal do atraso e do marasmo em que ainda hoje, infelizmente, nos encontramos!
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Mas quero igualmente deixar claro que não votarei Soares! Não tanto por razões ideológicas — apesar de tudo, será sempre uma das referências da "Esquerda" que tem enganado o país desde há 30 anos — nem mesmo por razões políticas — enquanto PM foi “obrigado” a governar nos períodos mais difíceis e, embora recorrendo a políticas impopulares, conseguiu equilibrar as contas públicas e recuperar a economia.
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Não votarei Soares sobretudo por razões éticas! Que não são menos importantes…
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A sua sede de poder é de tal forma desmedida que, para alcançar os seus objectivos, é capaz de tudo; até de descartar-se dos seus maiores amigos, como aconteceu com Lopes Cardoso, Kalidás Barreto, Salgado Zenha e agora, Manuel Alegre.
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Mas Soares não quer apenas o poder politico a qualquer preço.
Mais grave do que isso, serve-se dele para aumentar o seu património pessoal. Foi o que aconteceu pouco depois da sua primeira eleição para a PR e que o seu ex-camarada Rui Mateus denuncia no seu livro “Contos Proibidos - Memórias de um PS Desconhecido”.
Segundo Mateus, Soares, já então “presidente de todos os portugueses”, fez “apenas” isto:
— fundou um grupo empresarial, controlado a partir da empresa Emaudio, à frente da qual colocou Rui Mateus, destinado a usar os fundos financeiros que sobraram da campanha presidencial;
— passou a captar os apoios monetários antes dirigidos ao PS, através da Fundação de Relações Internacionais, que passou para o controlo do seu grupo
— financiou a sua reeleição com os fundos anteriormente recolhidos;
— colocou os amigos (Almeida Santos, Carlos Melancia) e o próprio filho, João Soares, como testas-de-ferro, reunindo com eles amiúde, em Belém;
— convidou magnatas internacionais (Rupert Murdoch, Silvio Berlusconi, Robert Maxwell e Staney Ho) a investirem no seu grupo a troco de avultadas luvas;
— fechou negócio com o "socialista" Maxwell e garantiu um "mensalão" que haveria de render à Emaudio a "bonita" soma de 30 mil euros mensais;
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Só há quatro anos, com a adesão de Portugal à Convenção Penal Europeia contra a Corrupção, o tráfico de influências passou a constituir crime no nosso país. Mas a ética política é um valor permanente e a sua violação não prescreve.
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Por tudo isto, está decidido. Não votarei Cavaco nem Soares. Nem mesmo à segunda volta, se houver e a disputa for entre os dois (o que espero ardentemente não venha a contecer!).
Na política como na vida, não pode valer tudo!
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CAVACO, UM MAU EXEMPLO EM BELÉM!
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a) É ou não verdade que, no seu longo consulado de dez anos, Cavaco beneficiou de condições absolutamente excepcionais, algumas das quais irrepetíveis — avultados fundos comunitários, receitas chorudas da venda de empresas públicas, petróleo a baixo preço, dólar barato, economia internacional em expansão?
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b) É ou não verdade que, Cavaco governou a maior parte do tempo com maiorias absolutas, o que constitui uma inegável vantagem para uma governação eficaz?
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c) É ou não verdade que o betão e o asfalto foram os principais legados do "milagre cavaquista", ficando o CCB para a história como um monumento à derrapagem e falta de rigor orçamental?
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d) É ou não verdade que Cavaco nada fez para combater a corrupção , designadamente no que se refere ao roubo — porque de roubo se tratou! — dos fundos comunitários?
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e) É ou não verdade que, enquanto os fundos comunitários se "evaporavam", as pescas, a agricultura e a indústria (particularmente a têxtil) levavam o "golpe de misericórdia"?
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f) É ou não verdade que o "especialista das finanças públicas" e "defensor do rigor orçamental" nunca conseguiu conter as despesas públicas e aproximar o défice dos 3% dos critérios de convergência (6,6 7,6 4,8 8,0 7,7 5,5 — de 90 a 95)?
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g) É ou não verdade que Cavaco, apesar de ter gozado de condições de governabilidade excepcionais, foi incapaz de colocar o país na rota do desenvolvimento (tendo antes aberto o caminho para o seu irremediável afundamento na cauda da Europa) enquanto outros (Irlanda, Espanha,…) quiçá com condições menos favoráveis, conseguiram desenvolver-se?
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Obviamente que tudo isto é verdade. Pelo menos para quem veja as coisas com um mínimo de seriedade intelectual. Ainda que seja adepto do Professor…
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Cavaco pode (ou não) ser considerado um reputado economista e um brilhante académico,na área do Neoliberalismo.
Como PM a sua "obra" fala inequívocamente por si:
malbaratou um dos períodos melhores da nossa história recente para arrancar Portugal do atraso e do marasmo em que infelizmente ainda nos encontramos!
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É por isso que eu não o quero em Belém!
Por muito que fale, será sempre um mau exemplo para quem queira governar seriamente este país!

(post de um leitor do Expresso Online)

 
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