Organizar a oposição a Lula
Paulo Jonas de Lima Piva
"Uma mistura apática de farsa e tragédia: esta talvez seja a melhor definição para a atmosfera política do atual momento histórico brasileiro. Com Lula e o PT domesticados pelo FMI e leais aos planos do capital financeiro, o ataque aos direitos do povo e a dizimação do que resta da presença do Estado na sociedade serão efetivados com muito mais rapidez e eficácia. A mídia, totalmente interessada na consolidação do projeto neoliberal brasileiro, já está fazendo a sua parte. Boris Casoy, Arnaldo Jabor e outros cães de guarda e bobos da corte da ordem conservadora estão desempenhando, e com muito entusiasmo, o papel que lhes cabem de manipulação das consciências e de distorções dos fatos. Aqueles que se opõem às reformas são caricaturados e satanizados, como ocorre com a esquerda do PT, em particular, com os destemidos parlamentares Lindberg Farias, Babá, Heloísa Helena e Luciana Genro, os quais, aliás, deveriam ter abandonado o PT logo no primeiro turno das eleições presidenciais, quando a cúpula petista assumiu compromissos com o capital, com setores das oligarquias nacionais e com o FMI.
Embora a conjuntura não seja propícia para tal, visto que a popularidade de Lula (graças a Duda Mendonça e aos empresários dos meios de comunicação) ainda é alta, a necessidade de se organizar uma oposição ao governo petista é premente. Forças populares e segmentos políticos para isso não faltam, a começar da própria esquerda do PT. O primeiro passo é a unificação dessas tendências na forma de um novo partido ou de uma frente de esquerda baseados num programa mínimo de ação e de propostas. O PSTU poderia ser esse núcleo. E a primeira tarefa desta alternativa ideológica e política ao PT deverá ser desmistificar a idéia de que o governo Lula é um governo dos pobres, denunciando sistematicamente todas as suas medidas antipopulares e em prol do capital. Nesse sentido, uma grande mobilização de repúdio às reformas neoliberais de Lula e a favor de reformas que ampliem os direitos dos trabalhadores e penalizem os lucros das grandes corporações financeiras pode ser a primeira inserção política concreta nesta nova fase da luta de classes. E como entre a política econômica de FHC e de Lula não há essencialmente nenhuma diferença, uma campanha de debates sobre a proposta de “Fora Lula e o FMI!” pode ser um passo seguinte. O importante é que esse novo instrumento de luta dos trabalhadores não tema ir na contramão do senso comum e, sobretudo, que ele fortaleça suas imunidades contra o revisionismo centrista, este, um protagonista histórico de farsas e tragédias".
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home