O furacão Katrina evidencia o medo de uma crise de energia global
do Financial Times - 31 de Agosto de 2005
O medo de uma crise de energia internacional surgida esta semana com a devastadora calamidade humana e econômica causada no sul dos Estados Unidos pelo Furacão Katrina tornou-se evidente.As primeiras previsões de 100 mortos dos registos oficiais espera-se que subam, segundo disse o Mayor de New Orleans, só na sua cidade, para "no mínimo centenas, mas provavelmente para muitos milhares". Uma operação massiva está a ser levada a cabo para encontrar maneira de salvar as populações cercadas pela inundações e resolver os problemas urgentes de milhares de desabrigados. A tragédia humana provocada, activa o receio que o impacto econômico da tempestade, que paralizou as indústrias petroliferas e 13 refinarias do Golfo do México, poderia ser extensivo a todo o globo. Alguns analistas cortaram as previsões do crescimento dos EUA porque o aumento de preços provocará danos insanáveis nas capacidades dos consumidores. Os “preços dos combustíveis nos EUA estão agora no ponto mais dramático de sempre," disse Kevin Norrish, um analista do Barclays. "agora faz sentido falar de uma crise de energia mundial." O presidente George W. Bush, que interrompeu as suas férias para voltar a Washington, chamou ao furacão Katrina "um dos piores desastres naturais jamais acontecidos na nossa nação". E acrescentou : "será preciso um longo período de tempo para esta recuperação. Será uma questão para resolver em anos". Com nove das refinarias da costa do golfo completamente fechadas, os preços do combustivel por atacado bateram um registo recorde de $2.65 por galão, mais de 34 por cento acima dos preços verificados antes do inicio da calamidade, ainda que fontes de abastecimento alternativas tenham funcionado por breves periodos em algumas áreas. A Chevron disse que tinha começado a racionar a gasolina na zona sudeste, o que segundo os analistas fez disparar situações de pânico, principalmente nos dias trabalho antes do fim de semana. Apesar disso os consumidores dos Estados Unidos não viram ainda faltas nas estações de serviço como as que aconteceram quando do embargo petrolífero de 1973 decretado pelos países Árabes. "Nós reconhecemos que os preços são muito elevados," afirmou uma porta voz da empresa Valero, uma refinaria de topo no País. "O mercado está a reagir à perda de quase 2000 barris por cada dia da produção doméstica. Dado que os EUA. são já dependentes de 1milhão de barris importados por dia das importações para satisfazer a procura, há receios reais de faltas a médio-prazo. As perdas provocadas por danos nos pipelines agravam seriamente esta situação" O medos que os preços do petróleo possam subir em espiral incontrolável alertaram o governo dos E.U.A e levaram-no a decidir recorrer às suas reservas de emergência, fazendo com que os preços mergulhem momentaneamente abaixo dos $70 dólares o barril. Mas trata-se de um efeito a curto-prazo, com muitos comerciantes a verem nisto apenas um gesto político. A Agência de protecção ambiental anunciou também que renunciaria temporariamente aos padrões de qualidade do ar para a área dos combustiveis, permitindo que as refinarias dos E. U.A. aumentem a produção permitindo maiores importações de petróleo. Os regulamentos federais e do estado restringem a composição do petroleo, o que torna difícil as importações de outros estados ou do exterior. Os governos Federais começaram a preocupar-se com o problema como uma falta de petróleo poderá afectar as suas economias. A Europa poderá ver surgir em breve uma forte competição na procura dos produtos refinados. Os preços por atacado do petróleo na Europa subiram 10 por cento. "se a avaliação dos danos mostra uma crise severa no sector petrolífero, a crise não estará limitada aos Estados Unidos mas será global," disse Claude Mandil, director executivo da Agência de Energia Internacional, o cão de guarda das nações consumidoras. A indústria procura determinar quanto tempo levará a reabrir as suas instalações. Mesmo após reparações, as companhias petrolíferas podem enfrentar problemas que começam com as disponibilidades de pessoal qualificado para trabalhar. Nova Orleães, com uma população de meio milhão de pessoas, foi declarada inabitável por semanas e dezenas de milhares de pessoas abandonaram-na precipitadamente. As tropas da Guarda Nacional desfalcadas pelo envio de muitos destacamentos para o Iraque, patrulham entretanto a cidade procurando evitar saques de bens, ajudar a salvar a população encurralada pelas cheias, incluindo as 12 mil presas no estádio Superdome.
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