Cronologia do golpe militar de 25 de Novembro de 1975
25 de Abril de 1974
Aproveitando o cansaço de 13 anos de guerra colonial, o MFA (Movimento das Forças Armadas) põe fim a 48 anos de ditadura e abre caminho à autodeterminação das colónias.
Amplo movimento de apoio popular nas ruas.
1 de Maio
A maior movimentação de massas vista na Europa do pós-guerra, comemora o Dia do Trabalhador
O PCP fundado em 1921 e o PS fundado em 1973 apoiam amplamente o movimento de massas.
6 de Maio
É fundado o PPD com base nos deputados da ala Liberal da antiga União Nacional: Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Magalhães Mota e Miller Guerra
15 de Maio
Poder entregue e posse como PR do mais alto-dignitário das Forças Armadas o conservador António de Spínola, convidado para presidir à Junta de Salvação Nacional, após recusa de Costa Gomes. Spínola agitara o país em Fevereiro com uma (utópica) proposta de solução federalista neo-colonial para o problema do então chamado Ultramar.
16 de Maio
Posse do 1º Governo Provisório, chefiado por Adelino da Palma Carlos, um advogado ligado aos velhos republicanos e à Maçonaria.
9 de Julho
Palma Carlos demite-se por o Conselho de Estado lhe recusar o reforço de poderes, o adiamento das legislativas e a antecipação das presidenciais desejadas por Spínola.
18 de Julho
Posse do II Governo Provisório, chefiado pelo coronel graduado em general Vasco Gonçalves, o militar de mais alta patente ligado ao MFA.
27 de Julho
Contrafeito, Spínola reconhece o direito das colónias à Independência.
9 de Setembro
Portugal reconhece a independência da Guiné-Bissau, onde a situação militar estava à beira da ruptura.
10 de Setembro
Spínola mobiliza a Direita, a que chama “Maioria Silenciosa”
28 de Setembro
A projectada manisfestação da “Maioria Silenciosa” é travada nas entradas de Lisboa por populares mobilizados pela Esquerda. Mais de uma centena de detenções de figuras ligadas ao anterior regime.
30 de Setembro
Spínola demite-se PR e é substituido pelo general Costa Gomes, um militar mais da confiança dos Capitães de Abril. Toma posse o III Governo Provisório de Vasco Gonçalves.
28 de Janeiro de 1975
o Partido CDS (de Freitas do Amaral) convidado a ser formado pela Junta de Salvação Nacional é cercado por manifestantes de Esquerda no seu 1º congresso, no Porto.
11 de Março
o bombardeamento aéreo do RALIS (Regimento de Artilharia de Lisboa) assinala o desencadear de uma tentativa de golpe de estado spinolista. Morre um soldado. Derrotado, Spínola foge para Espanha e depois para o Brasil, passando a patrocinar o MDLP (Movimento “Democrático” para a Libertação de Portugal) e o seu braço armado ELP (Exército de Libertação Português)
12 de Março
a Esquerda reforça-se com a criação do Conselho da Revolução (CR) e as nacionalizações da banca, dos seguros e dos principais transportes.
26 de Março
Posse do IV Governo de Vasco Gonçalves.
11 de Abril
o MFA propõe aos principais partidos uma plataforma consagrando a execução do seu programa mínimo.
25 de Abril
As eleições para a Assembleia Constituinte têm os seguintes resultados: PS 37,9%, PPD 26,4%, PCP 12,5%, CDS 7,6%, MDP 4,1%, UDP 0,7%. O PCP,aliado aos sindicatos e aos movimentos populares, como único partido organizado, detém no terreno uma expressão superior aos seus resultados nas urnas.
19 de Junho
o CR aprova o PAP (Plano de Acção Politica)
25 de Junho
Em Moçambique o poder é entregue à Frelimo.
5 de Julho
Independência de Cabo-Verde, com transmissão do poder para o PAIGC.
8 de Julho
Com base nos resultados eleitorais o documento-guia Aliança Povo-MFA define regras para a construção de uma “sociedade socialista” contradizendo o PAP
12 de Julho
Independência de São Tomé e Príncipe
13 de Julho
Com o assalto à sede do PCP em Rio Maior, começa o “Verão Quente”, caracterizdo por atentados terroristas da Direita, manisfestações de operários da Cintura Industrial de Lisboa em apoio ao “Poder Popular”, divulgações de documentos programáticos de militares (contraditórios entre si. O “Documento dos 9” e o “Documento do Copcon”) e ondas de boatos. Não existe disciplina hierárquica nas FA onde se constituem comités de soldados. Há armas desaparecidas de quartéis nas mãos de civis. O País está à beira da guerra civil.
15 de Julho
A manifestação da Fonte Luminosa, em Lisboa, convocada pelo PS redunda num protesto contra o “gonçalvismo”
16 de Julho
PS e PPD abandonam o Governo, controlado pelas teses da Esquerda Militar. Manifestações de operários em Lisboa e no Porto exigem a “dissolução da Constituinte” o “controlo operário” e um “governo popular”
30 de Julho
no CR a criação do triunvirato Vasco Gonçalves/Costa Gomes/Otelo tenta conciliar sensibilidades inconciliáveis.
7 de Agosto
É divulgado pelo “Jornal Novo” e pelo semanário “O Jornal” o “Documento dos Nove” redigido por Melo Antunes, preconizando uma democracia socialista com todas as liberdades democráticas. O grupo dos Nove – Melo Antunes, Vasco Lourenço, Vítor Alves, Vítor Crespo, Franco Charais, Sousa e Castro, Costa Neves – começa a tomar posições de influência no aparelho militar.
8 de Agosto
Posse do V Governo Provisório de Vasco Gonçalves, afecto às teses dos movimentos populares.
10 de Agosto
o “Grupo dos Nove” é afastado do CR
12 de Agosto
o “Documento do Copcon” responde ao dos Nove preconizando uma democracia de base assente em assembleias populares.
30 de Agosto
Vasco Gonçalves é demitido de 1º Ministro. Costa Gomes decide-se por um novo governo chefiado pelo truculento almirante Pinheiro de Azevedo.
5 de Setembro
os Nove “vencem” a Assembleia de Tancos do MFA e o CR passa a ser maioritariamente constituído por militares democratas moderados.

Manifestações de soldados de Esquerda enquadrados nos SUV (Soldados Unidos Vencerão)
16 de Setembro
Posse do VI Governo Provisório
25 de Setembro
a fim de retirar poderes ao Copcon o VI governo cria o AMI (Agrupamento Militar de Intervenção)
27 de Setembro
Elementos da esquerda-Radical assaltam e saqueiam a embaixada de Espanha e o Consulado espanhol em Lisboa, protestando contra a condenação à morte de cinco nacionalistas bascos pela ditadura franquista.
7 de Novembro
o VI governo manda destruir à bomba os emissores da Rádio Renascença, propriedade do Patriarcado ocupada desde Maio pelos trabalhadores.
11 de Novembro
Cerimónia de Independência de Angola com o poder a ser transmitido em Luanda ao MPLA enquanto forças da FNLA se aproximam pelo Norte e colunas da UNITA pelo sul. Começa a guerra civil.
12 de Novembro
Uma manifestação de operários da construção civil cerca o Palácio de São Bento e sequestra os deputados.
20 de Novembro
o CR nomeia Vasco Lourenço para substituir Otelo no comando da RM de Lisboa.
25 de Novembro
Ocupação por pára-quedistas de Tancos, da Região Aérea do Monsanto, do EM da Força Aérea e de várias bases. O Ralis toma posições no aeroporto, portagem da A1 e Depósito de Material de Guerra de Beirolas.
Forças da EPAM ocupam a RTP e a PM controla a Emissora Nacional.
Uma força do Regimento de Comandos cerca o Monsanto, ocupado pelos Paras. A emissão da RTP é transferida para o Porto. O PR decreta o estado de sito na área da RM de Lisboa; o papel do PR é determinante na contenção dos extremos. Eanes, adjunto de Vasco Lourenço ilude pressões dos militares da extrema-direita que o incitam a mandar bombardear unidades. Vasco Lourenço dá voz de prisão a Diniz de Almeida, Campos Andrada, Cuco Rosa e Mário Tomé. O Grupo dos Nove controlam a situação.
26 de Novembro
Os Comandos atacam o regimento da PM na Ajuda: 3 mortos. Forças das RM Norte e Centro deslocam-se para Lisboa. Melo Antunes declara na TV que o PCP é indispensável à democracia, afastando as veleidades da direita saudosista, que tendo um plano de tomada de poder se colou aos “Nove”

Carlos Fabião é substituído por Ramalho Eanes na chefia do EM do Exército. Otelo é destituído de comandante do Copcon. Os militares detidos seguem para a prisão de Custóias no Porto.
28 de Setembro
O VI governo retoma funções. Está aberto o período de controlo politico dos partidos do grande Bloco Central, que com a evolução dos tempos, de socialista e social democrata só irão conservar o nome.
Eleições Legislativas de 1976. Resultados dos partidos que elegeram deputados:
* PS (35% - 106 deputados);
* PPD (24% - 71 deputados);
* CDS (15,9% - 41 deputados);
* PCP (14,6% - 40 deputados);
* UDP (1,7% - 1 deputado).
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