o golpe do 25/11 tem as suas vítimas esquecidas: o Capitão Júlio Ribeiro
Os militares que levaram a cabo o golpe ultraconservador de 25 de Novembro 75 não recuariam perante qualquer risco de guerra civil. Foi por uma unha negra, pelo bom senso das forças progressistas que tal não aconteceu. Também o golpe do 25/11 tem as suas vítimas esquecidas: o Capitão Júlio Ribeiro.
“Quase trinta anos passados, continuam por esclarecer as circunstâncias da morte do capitão da Força Aérea Júlio Ribeiro, ocorrida na Base Aérea de Tancos. O caso tem uma carga politica explosiva porque Júlio Ribeiro, que estava a ser perseguido pelos Comandos por ter apoiado a insoburdinação dos pára-quedistas no 25 de Novembro de 1975, apareceu inanimado na parada do quartel em 18 de Maio de 1977, dando lugar a suspeitas de que tivesse sido assassinado.
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Foi essa aliás a opinião do médico Horácio Briosa e Gala que, após exame ao cadáver, atribuiu a morte a sufocação. Era na altura comandante da base de Tancos o general Geraldo Estevens (muito em foco há três anos devido a gastos abusivos de dinheiro no exercicio do cargo de inspector-geral da Defesa Nacional). Desde então, as contradicções e reviravoltas do caso avolumaram a convicção da família de que se tratou efectivamente de um crime: dois ofícios do Hospital Militar Principal, um registando a entrada do corpo, o outro afirmando que este nunca ali dera entrada;
Pareceres contaditórios do Hospital Militar e do Instituto de Medicina Legal sobre a causa da morte; um relatório da autópsia atribuindo a morte a causas naturais, mas que só foi divulgado um ano e meio depois (!); uma confissao do crime por um soldado presente nesse dia na base de Tancos, o qual depois se desdisse; um parecer do juiz Herminio Antunes, do Tribunal de Investigação Criminal de Tomar, declarando que havia elementos suficientes para investigação criminal, a que se seguiu a inopinada transferência do processo para o Tribunal da Golegã; o arquivamento do processo por ordem do Supremo e a sua posterior reabertura devido às diligências da família; por último, em Maio último, ao ser aceite pelo juiz da Golegã o recurso interposto pela família para a revisão, surge a informação inacreditável de que o processo desapareceu daquele tribunal!
Depois de anos e anos de diligências e protestos, o pai do malogrado capitão, Francisco Ribeiro, resistente anti-fascista hoje com 90 anos de idade, não desiste de querer saber a verdade e de ver punidos os culpados. “Assumo toda a responsabilidade pelas minhas palavras”, escreve: O meu filho foi assassinado”
Respigado da “Politica Operária”, nº 106 Set/Out 2006
novos tempos, velhos métodos,
Duran Clemente, 30 anos depois, ainda permanece culpado por ser de Esquerda
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