“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Contra os limites de Heisenberg – Diálogos sobre Física Quântica: dos Paradoxos à Não-Linearidade.

Entrevista com o físico José R. Croca, publicada no Jornal de Letras, edição de 21 de Novembro.

Desde 1927 que este princípio orienta as investigações dos cientistas de todo o mundo, sendo um dos pilares da Física actual. Consiste num enunciado da mecânica quântica que impõe restrições à precisão com que se podem efectuar medidas simultâneas de uma classe de pares observáveis. Obra de referência:

Towards a Nonlinear Quantum Physics” (Ed. World Scientific Publishing, 2003)

JL: O que significa ter refutado o Principio da Incerteza de Heinsenberg?
José Croca (JC) – As relações de Heinsenberg impõem um limite à nossa capacidade de conhecer. De acordo com estas relações, a partir de um certo limite, definido precisamente por elas, não podemos colocar questões, pois este constitui uma barreira intransponível. Essas relações, descobertas por Heinsenberg em 1927, imperaram até há pouco tempo como omnipresentes. Desmontei teoricamente essas relações e depois mostrei que, na realidade, a natureza é muito mais complexa. As relações de Heinsenberg são boas e válidas a uma dada escala de descrição da realidade, mas não limitam realmente a possibilidade de conhecer. A imaginação humana vai sempre mais longe que qualquer barreira que possamos tentar construir. As relações de Heinsenberg tentaram impor essas balizas. E o que mostrei é que podemos ir além delas.

JL: Mas que balizas eram essas?
JC – Imagine um automóvel em movimento. Quer saber onde ele está. De acordo com Heinsenberg, posso saber a posição do automóvel. Mas se quiser conhecer a posição em rigor absoluto não poderei saber a velocidade a que circula. E vice-versa. As relações de Heinsenberg dizem-nos que é impossivel prever o valor destas duas grandezas conjugadas.

JL: Mas refutou essa teoria. O que propõe?
JC – Que é possivel ir muito mais além das relações de Heinsenberg. Dentro dos limites impostos pelas realações de Heinsenberg não é possivel prever com rigor a posição de uma partícula e a sua velocidade. Quanto melhor se conhecer a posição tanto pior se pode conhecer a velocidade. Mas eu mostrei que é possivel, não só teórica, como também experimentalmente, ir além desses limites.

JL: E como é que isso se aplica na prática?
JC – Admitamos que num DVD, de acordo com o limite de Heinsenberg – uma consequência directa da ontologia de Fourier – podemos pôr só duas horas de gravação. Rompendo com esta ontologia e usando a análise por onduletas, em vez de duas podemos pôr oito horas, ou mais.

JL: E no plano teórico?
JC – As relações de Heinsenberg são a expressão matemática do Principio de Complementaridade de Niels Bhor, que afirma a existência de uma dualidade intrínseca na natureza. Tal como acontece numa moeda: ou vejo a cara ou a coroa. Não posso ver as duas faces simultaneamente. Mas podemos, com um espelho. Por outro lado a mecânica quântica habitual nega a existência de uma realidade objectiva independente do observador. Em última instância, nesta teoria, é a consciência do observador que cria a realidade. O que estamos a fazer é criar uma nova mecânica quântica causal e não-linear mais geral em que a realidade não seja criada pelo observador. O objectivo é desmistificar a mecânica quântica.

JL: Quais as consequências, no plano do conhecimento, destes avanços?
JC – Romper com a hipótese – horrenda – de que há barreiras intransponíveis para o conhecimento. As relações de Heisenberg constituem uma prisão para o espirito humano. Mostrei que tal barreira não existe. Ou que podemos ir muito para além dela. E que é possivel explicar fenómenos tidos como misteriosos e inexplicáveis em termos causais. Não há fenómenos misteriosos em Ciência. Há fenómenos muito complexos. Se lhe perguntar porque é que chove, não vai dizer que foram os deuses que estavam mal dispostos, como se pensava antes. Chove porque o Sol aqueceu mais determinada região da Terra, dando origem à precipitação da água. A mecânica quântica borheana induziu, de certa forma, a ideia de que os fenómenos acontecem sem que para isso exista uma explicação causal. O que se mostra é que os fenómenos apresentados como incompreensiveis são perfeitamente explicados em termos causais e racionais dentro do quadro da nova mecânica quântica não-linear. Do ponto de vista do conhecimento humano isto é importantíssimo. Pelo menos para aqueles que acreditam que o mundo é compreensível.

 
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