A Guerra do Petróleo
Sinclair, “um agitador comunista”
Em 1934 como o resto do país, às voltas com a Grande Depressão, a Califórnia estava, então, muito mal. Upton Sinclair (1878–1968) propôs que as fábricas inactivas fossem alugadas pelo Estado e, em seguida, entregues aos operários que nelas trabalhavam a fim de que estes possuíssem o que produziam ao invés de nada terem. O Estado precisa de dinheiro? Seria cobrado um imposto sobre os grandes estúdios. Eles reclamam? Também se exigiria deles que respeitassem o direito sindical e, se não o fizessem, o cinema seria coletivizado. A MGM e a Warner ameaçaram exilar-se na Flórida, caso Sinclair fosse eleito.
As grandes cervejarias, a ferrovia Southern Pacific, a Standard Oil e a PG&E (a empresa privada de eletricidade que esteve no centro dos apagões que atingiram a Califórnia em 2002), financiaram um programa de destruição do candidato democrata. Panfletos apresentavam-no sob as cores de um “demolidor de todas as igrejas e instituições cristãs, um agitador comunista”. A confederação patronal da Califórnia recomendou a seus membros que “distribuíssem pessoalmente (seria preferível que o próprio dono o fizesse) cartilhas anti-Sinclair a cada empregado, para fazê-lo refletir sobre os perigos que ameaçavam seu emprego no caso de eleição” (ler o artigo completo no Le Monde Diplomatique e a sua relação com a actualidade)
O caso da Standard Oil Co.
A Standard Oil Co., o maior truste petrolífero dos Estados Unidos, fora fundada por John Davison Rockefeller e mais quatro sócios em 1870. Rockefeller era um gênio do empreendimento, dotado de uma enorme capacidade de previsão sobre os rumos da economia americana. Nascido em Richford nas proximidades de Nova Iorque em 1839, era já aos trinta anos um dos homens mais ricos da América (calcula-se que possuía 1 bilhão de dólares daquela época). Depois da crise de 1872 ele, cansado da instabilidade do mercado do óleo, decidiu-se por fim àquela anarquia. Declarou então a Oil War, a Guerra do Petróleo, uma vasta operação empresarial para adonar-se de todas as etapas possíveis do negócio do óleo.
Na Zona Petrolífera americana de então, basicamente concentrada nos estados de Ohio, Pensilvânia e Indiana, existiam uns 16 mil produtores, cada um tratando da sua própria extração e comercialização. Entre eles e as refinarias, que produziam o valioso querosene (naquela época a gasolina, por vezes, era jogada fora porque ainda não havia indústria de automóvel), haviam as estradas de ferro. Rockefeller aproximou-se delas para controlar o mercado. Ao mesmo tempo em que, como um enorme polvo lançado seus tentáculos para todos os lados, secretamente enviava seus emissários para comprar refinarias por todo o país, ele e seu sócio Henry Flager, articularam-se com as ferrovias para obter vantagens. O dono de refinaria que se negasse a vender-lhe a empresa, amargava o pão que o diabo amassou. Rockefeller fazia-o "suar a gota gorda"(dumping, ameaças, sumiço dos barris, misteriosa suspensão de compras, etc..), até que o pobre homem capitulasse.
Cerca de 1890 o monopólio de Rockfeller concentrava 30 corporações e quase a totalidade do refino do óleo do país inteiro. Rockefeller saiu vitorioso da Guerra do Petróleo, mas seu nome ficou marcado junto a opinião pública como um dos robber barons, os barões ladrões[ assim chamados um grupo de grandes capitalistas da América, devido suas práticas nada éticas]. A Standard Oil Co., por sua vez, tornou-se a empresa americana mais odiada no mundo inteiro. Apontaram-na como o verdadeiro símbolo do Capitalismo Selvagem e, devido suas inescrupulosas incursões internacionais, exemplo vivo da arrogância imperialista norte-americana.
(ler o artigo completo e o enquadramento histórico aqui)
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