“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

sexta-feira, maio 12, 2006

"O Velho de Belem"

“Se o dr. Cavaco acha agora que a queda vai continuar e que ele vai assistir de Belém, inerte e calado, a um desastre inevitável, perdeu qualquer espécie de legitimidade politica.O “Expresso” publicou ontem (sábado) uma noticia inesperada, inconcebível, quase absurda. Claro que hoje em dia o Expresso não inspira muita confiança. De qualquer maneira, não acredito ainda que invente, por desleixo ou espírito de intriga, uma coisa tão grave. De que se trata? Segundo o Expresso, o dr. Cavaco, Presidente da República, não só pensa que a situação económica portuguesa está “condenada” até 2010, mas nem sequer tem a certeza de que ela “melhore” depois disso. Ou seja, pode mesmo acontecer que não “melhore” nunca.

Parece que estas confidências do dr. Cavaco foram feitas na semana passada aos “parceiros sociais”. Se é verdadeira a versão do Expresso, e suponho que será, estamos, sem exagero, perante uma crise politica de grandes proporções.Convém não esquecer que o dr. Cavaco se candidatou a Belém declarando que não se “resignava” à decadência económica do país, que pretendia restaurar a “confiança” na sua força e no seu futuro e que a leição dele era a “ultima oportunidade” de parar e de inverter o declínio de um a década e o crescente afastamento da “Europa”. Quem acreditou nisto, dito e redito com emoção e ênfase, votou nele. Se o dr. Cavaco acha agora que a queda vai continuar e que ele vai assistir de Belém, inerte e calado, a um desastre inevitável, perdeu qualquer espécie de legitimidade politica. Se alegar, como de costume, que não conhecia a situação, arruína para sempre a sua velha imagem de seriedade e competência. E se atribuir à sorte e ao mundo as desgraças de Portugal, a desculpa habitual do desespero, não convence ninguém. Por outras palavras, no fundo, o problema é este: sabia ou não sabia o dr. Cavaco o que o esperava e o que esperava o país? Se não sabia, nada o desculpa. Mas se, de facto, sabia, o objectivo da campanha presidencial foi, desde o principio, o de premeditamente iludir os portugueses. Nos dois casos, não há explicação que o salve. O homem, que no tempo da sua omnipotência vituperava “os velhos do Restelo”, transformado em “velho de Belém” arrasa o governo e, de caminho, enterra Portugal inteiro na passividade e na resignação. Com uma agravante, “os velhos do Restelo” tentavam evitar erros que ele cometeu e deixou cometer. “O velho de Belém”, com a sua enorme autoridade, anuncia passivamente o pior e “bloqueia” irresponsavelmente o país. Basta contar pelos dedos: quatro, cinco, seis, sete anos…? Quem aguenta?”

 
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