Só nos é dado ler o que interessa ao Human Rights Watch (HRW) e aos prós-NATO. É importante ler o que dizem os agressores e as vítimas para podermos com consciência defender as vítimas. E na Jugoslávia as vítimas foram os que a NATO bombardeou.
artigo publicado em
www.global-elite.org/ Traduzido por especial deferência da leitora
Margarida, publicado no
AspirinaBPrendam-nos agora!Desde o princípio da “perestroka” membros do HRW (Jeri Laber, Joanna Weschler, Adrian DeWind) começaram a visitar frequentemente os países da Europa do Leste para coligir informação acerca das “violações dos direitos humanos”.
Prestaram atenção especial à Czechoslovakia porque o mesmíssimo US Helsinki Watch defendeu os membros da Carta 77 da Czechoslovak em 1978 que eram perseguidos pelas autoridades comunistas da época. Os resultados das suas investigações foram usadas pela Administração dos USA e pelos media de massas anti-socialistas ocidentais como um instrumento para pressionarem os Socialistas ainda leaders da Republica da Czechoslovakia.
Um membro do Advisory Committee d US Helsinki Watch e a mulher do embaixador Americano em Praga em 1982-86 Wendy Luers tiveram quase o papel principal na propaganda de doutrinas liberais e pro-Americanas na Czechoslovakia. Quando foi eleito (1990) o Presidente da Czechoslovakia,
Vaclav Havel declarou na sede central em New York do HRW: “
sei muito bem o que fizeram por nós, e talvez sem vocês, a nossa revolução não existisse.”
Logo que se estabeleceu o regime pro-Americano na Czechoslovakia (no final de 1989), Wendy Luers organizou em Praga a Foundation for a Civic Society a que aderiu uma parte considerável dos intelectuais Checos que tinham assinado a Carta 77 em 1977. O dinheiro desta Foundation foi usado para financiar o Projecto sobre Justiça em Tempos de Transição com um orçamento anual de 3 milhões de US dollars. O objectivo do Projecto era “reforço da democracia, estado de direito, sociedade civil e economia de mercado”. No total, mais de 11 milhões de US dollars foram gastos pela Foundation for a Civic Society para apoiar estas actividades.
Além do “reforço da democracia e da economia de mercado” na República Checa, a Foundation for Civic Society “tem dado emprego” a “conselheiros” Americanos e Europeus ocidentais em ministérios, municípios e noutros escritórios governamentais na República Checa e na Eslovakia. Em três anos (1995-1998) o Programa Democracy Network, uma organização criada por “conselheiros” do HRW com a ajuda da United States Agency for International Development (USAID) gastou mais de 5 milhões de US dollars no “desenvolvimento e reforço de organizações-não-governamentais (ONG) na República Checa e na Eslovakia” (http://www.fcsny.org/wendy.html). É absolutamente evidente que estas actividades da HRW não têm relação directa com a sua defesa dos direitos humanos. Mas testemunham eloquentemente os verdadeiros objectivos do Human Rights Watch e os seus planos concretos para os países da Europa do Leste.
Desde o final dos anos 80, além da monitorização das violações dos direitos humanos que é comum às organizações de direitos humanos, o HRW começou a emitir Declarações onde “repreende” governos “em falta” pelo seu “mau comportamento”. Mais tarde, pelo meio dos anos 90, o HRW começou mesmo a recomendar à ONU e à NATO para punir devidamente governos faltosos. A Jugoslavia, o Estado que nem queria integrar a NATO, nem abrir as suas fronteiras à penetração incontrolada do capital financeiro das corporações transnacionais provocou um “raiva” especial no HRW e no seu principal dador George Soros.
Assim, desde o princípio dos anos 90 do século XX alguns funcionários-“investigadores” do Human Rights Watch – Fred Abrahams, Peter Bouckaert, Rachel Denber, Lotte Leicht, Benjamin Ward, Joanne Mariner e Martina Vandenberg – começaram a visitar a Bosnia, Croacia e o Kosovo regularmente para coligir informação acerca das violações dos direitos humanos durante operações militares no interior do território Yugoslavo. Esta informação foi processada e emitida como “relatórios” e “declarações” durante mais de 10 anos.
A enormíssima maioria destas publicações “condenaram” as autoridades da Servia (Presidente Radovan Karadzic) e Yugoslavia (Presidente Slobodan Milosevic) por “operações de limpeza étnica” e “genocídio” da população muçulmana e croata da Bosnia e Kosovo. O facto do HRW estar do lado dos separatistas – Croatas, Muçulmanos e Kosovares Albaneses – demonstra-se pela co-operação directa entre os leaders of HRW, o seu Advisory Committees e os separatistas Kosovares. Por exemplo, os membros do Advisory Committee da Europe e Central Asia (antigo US Helsinki Watch) Morton Abramowitz, foi um conselheiro para uma delegação de separatistas Kosovar Albaneses na negociação com a delegação Jugoslavia em Rambouillet, França (January – February, 1999).
Certamente que os funcionários da HRW funcionários não podiam ignorar completamente as atrocidades dos Croatas e Muçulmanos. Mas as “estatisticas” das Declarações do HRW de 1992 a 2001 foi a seguinte: 122 declarações do HRW foram emitidas em “violações dos direitos humanos” pelo lado Servio, 9 declarações – pelo lado Croata, 4 – pelo lado Bosniaco (Muçulmanos) e 6 – pelos Kosovares (UCK/KLA). É claro porque é que a opinião pública Europeia e Americana mudou depois de confrontada com tais estatisticas. Os regimes de R. Karadzic e S. Milosevic começaram a parecer criminais, e a imprensa pró-NATO começou a compará-los com Hitler e Estaline.
Além da influência psicologica e informacional sistemática na opinião pública do Ocidente, o Human Rights Watch e o seu dador principal e ideólogo George Soros, começaram a formar infraestructuras “civis” e politicas opositoras ao regime de Milosevic. Esta estructura incluiu dúzias de ONG’s, “grupos civicos”, organizações de direitos humanos, clubs, companhias de radio e de TV, jornais e semanários. Fizeram-no para criar uma atmosfera “revolucionária” na Yugoslavia e não somente para apoiar a transição de poder sob o controlo de partidos “pro-ocidentais”, mas também para providenciar apoio a um novo regime pro-ocidental para um “estádio historico” necessário para mudanças fundamentais económicas e politicas na Jugoslavia (
http://emperors-clothes.com/engl.htm#1).
No Conselho de Directores de Fundos governamentais Americanos como o National Endowment for Democracy (NED), havia membros das estruturas liderantes do HRW (o mesmo Morton Abramowitz) e também tomaram parte nesta re-organização da sociedade em larga escala iniciada no final dos anos 80. Eis as palavras do funcionário do NED Paul McCarthy: “Os programas do NED apoiaram a sobrevivência duma quantidade consideravel da imprensa livre Yugoslava e a ruína de centros chaves da media de massas controlada pelo governo... reforçando fontes influentes de informação objectiva. A ajuda providenciada pelo NED a jornais, radio e TV broadcasting companhias uma oportunidade para comprar o equipamento de impressão e o equipamento para telecomunicações necessários. Entre os que receberam as nossas dádivas estão os jornais “Nasha Borba”, “Vremja” e “Danas”, uma companhia independente de TV broadcasting “TV Negotin” no sul da Servia, a popular agencia noticiosa BETA e a rádio de Belgrado “Radio B-92”.
Isto é o Human Rights Watch, que inicialmente estabeleceu os chamados “Tribunais” para os leaders dos países “desobedientes”, Jugoslavia e Servia, em primeiro lugar – Radovan Karadzic e Slobodan Milosevic. Tal International Criminal Tribunal para a antiga Yugoslavia (ICTY) foi estabelecido em Fevereiro de 1993, e era uma violação directa do Regulamento da ONU. Três meses mais tarde o HRW emitiu um “Relatório” sobre o assassinato de cerca de 260 Croatas capturados, supostamente cometido em 20 de Novembro, 1991 por soldados jugoslavos. O título desse relatório era extremamente significativo: “Castiguem-nos Agora!” O Human Rights Publica 8 Casos para o International Criminal Tribunal da antiga Jugoslavia”. Apesar de não conter argumentos para acusar o Exército Jugoslavo com o assassínio de mais de duzentos Croatas, o prestígio da organização liderante dos direitos humanos foi suficiente para muita gente do Ocidente acreditar que todas estas acusações eram verdadeiras.
Logo depois de emitir esse Relatório o Human Rights Watch iniciou uma campanha a que chamou “Prendam-nos Agora!” contra os leaders jugoslavos. A liderança do Human Rights Watch informou os leitores com orgulho que “combinando o trabalho com advogados, trabalhando com a imprensa e a mobilização de enormes quantidades de pessoas forçámos os governos da NATO a prender os suspeitos (marcados pelo autor) ou forçámos estes a renderem-se”.
Os DOUBLE STANDARDS do HUMAN RIGHTS WATCH
Javier Solana
Agora o HRW tem escritórios em cidades de 9 países do mundo – New York, Washington, Los Angeles, Brussels, London, Rio de Janeiro, Moscow, Tbilisi, Dushanbe, Hong Kong. O staff tem mais de 180 pessoas e o orçamento anual da organização é de 21,715,000 US Dollars. Emite regularmente as suas “Declarações” e “Relatórios” em violações dos direitos humanos em quase cada país do mundo. Mas, como Orwell escreveu, “todas as pessoas são iguais, mas algumas são mais iguais que outras”. Para determinar quem é “mais igual” para o Human Rights Watch e quem o “não é tanto”, basta examinar as estatísticas das suas Declarações e Relatórios. Isso ilumina o grau dos “double standards” que o HRW usa em casos diferentes e quem deve ou não deve ser sujeito ao seu criticismo. Isto pode ser usado para testemunhar a evidente parcialidade do HRW em relação a “regimes” concretos e países.
Quanto aos países da antiga URSS, o HRW emitiu 172 Declarações em violações dos direitos humanos de 1994 a 2001; 117 deles eram relativos à Rússia. Mas no mesmo período nenhum deles se relacionou com a Ukrania, 6 – diziam respeito ao Kazakstan e só 3 – ao Turkmenistan. Mesmo assim, o mesmo HRW culpou Nazarbayev e Niyazov por terem estabelecido regimes de poder pessoal, por suprimirem a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de reunião, por prisões de membros de partidos na oposição!
E no mesmo periodo (1994-2001) o Human Rights Watch não emitiu NENHUMA Declaração de violações dos direitos humanos dos Russos que vivem na Letónia e na Estónia. Nem uma palavra acerca da captura de igrejas Ortodoxas na Ucrania ou a prisão de activistas Cossacos Russos no Kazakstan. O que disse sobre limpeza étnica no Tadzhikistan e no Kazakhstan? Somente duas Declarações sobre o Turkmenistan continha informação sobre limitações no uso do Russo em instituições governamentais e privadas e de perseguição criminal de activistas de organizações ilegais Russas.
O que é que se passa? A resposta a estas questões nem se aproxima da esfera dos direitos humanos. Quoto Elizabeth Andersen: “Kazakstan é nosso aliado na Asia Central por causa dos seus recursos de gás e petróleo”. Não é uma citação da Conselheira do Presidente dos USA mas da Directora Executiva da delegação do Human Rights Watch da Europa e da Asia Central. Consegue-se imaginar S. A. Kovalyov, o Presidente do “Memorial” a dizer tal frase?!
O mesmo com o Turkmenistan que tem recursos ricos de gas e petróleo; o Turkmenistan recebe anualmente 150-180 milhões de dollars do Congresso e instituições governamentais dos USA. Percebe-se o que isto implica? Se há uma possibilidade de centenas de biliões em lucros, os direitos humanos estão fora de questão!
E que tal a defesa dos direitos humanos no Médio Oriente? Ninguém nega que o mais fora da lei e com um sistema de Estado medieval nesta região é a Arábia Saudita, onde enforcam membros de organizações na oposição em vez de apresentarem queixas contra eles e cortam cabeças em público aos que pertencem a minorias sexuais. Quantas Declarações sobre violações de direitos humanos na Arabia Saudita pensam que foram emitidas pelo Human Rights Watch durante o mesmo período de oito anos (1994-2001)? Somente oito. Tente-se comparar este número com o número de Declarações sobre violações de direitos humanos pelas autoridades Servias.
As directivas do Human Rights Watch no conflito Israeli-Palestiniano são típicas: cada ano aproximadamente um número igual de Declarações de violações dos direitos humanos por Israel ou Palestina é emitido. Israel foi “culpada” por 32 vezes, a Palestina – por 33. Mas esta “equalização no pecado” não salvou o HRW de acusações de não objectividade e preconceito dos dois lados do conflito.
A maneira como o Human Rights Watch “informou” os leitores ocidentais acerca dos eventos na Chechenya: durante o periodo das operações militares de Setembro, 30, 1999 a Abril, 16, 2000, o HRW emitiu 41 Declarações sobre violações de direitos humanos na Chechenya. O lado Russo do conflito foi condenado por 38 declarações, o “Ichkerian” (“os combatentes Chechenos”, nos termos do HRW) – por uma (!) Declaração; ambos os lados foram condenados por duas Declarações. Desse modo, de acordo com a “informação” do HRW, o exército Russo, OMON (esquadrões especiais da policia squads) etc. violaram os direitos humanos 13 vezes mais frequentemente do que os “lutadores” de Basaev-Maskhadov-Abu Walid! Tomando em consideração que antes da segunda campanha Chechena o lado “Russo” do conflito foi condenada por activistas do HRW 19 vezes e os “Chechenos” – somente uma, quem no Ocidente pode duvidar da política colonial e “atroz” da Russia relativa à “nação Chechena amante da liberdade”?
Actividades extremamente publicisticas do HRW na véspera da agressão dos USA contra o Iraque é uma ilustração do interesse dos HRW neste conflito. Uma das tarefas escondidas desta agressão é eliminar a ameaça potencial para Israel do regime de Saddam Hussein. Assim, vários meses antes do começo das operações militares o Human Rights Watch iniciou uma série de Relatórios e Declarações em violações dos direitos humanos no Iraque... 10 e mesmo 15 anos antes, incluindo o uso de armas químicas pelo regime de Hussein contra os separatistas Kurdos em 1987. É evidente o objectivo destas publicações: mostrar ao mundo os horrores do governo de Saddam e através disto reduzir a esperada reacção negativa à agressão dos USA contra a República Iraquiana. Mas para não levantar a suspeita do HRW de solidariedade com a Administração Bush o Human Rights Watch preferiu não declarar qual a sua posição na guerra do Iraque.(...)