“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

sexta-feira, maio 26, 2006

a Arte e a Revolução

edição da Antigona










Richard Wagner (1813-1883), após ter tomado parte na Revolução de Dresden – designadamente ao lado de Bakunine –, em Maio de 1849, vê-se na contingência de abandonar aquela cidade, onde exercia as funções de «Kapelmeister» desde 1843, para procurar refúgio na Suíça. Redigirá então em poucos dias "A Arte e a Revolução" (Antígona, 1990; reed., 2001) e na sequência, ao longo da segunda metade desse mesmo ano, um dos textos mais marcantes da sua produção teórica: "A Obra de Arte do Futuro".
Wagner, que por esta altura tinha já composto e levado à cena O Navio Fantasma, ou seja, O Holandês Voador (1841), o Tannhäuser (1845) e o Lohengrin (1848) – para além das obras operáticas menos originais com que iniciara a sua carreira –, começara ainda em 1848 o trabalho numa parte daquilo que viria a ser muito mais tarde a Tetralogia: O Anel do Nibelungos. Mas suspende esse trabalho, e durante os anos de 1849 a 1851 dedica-se quase por inteiro à escrita teórica. Nesse período, para além de A Arte e a Revolução e A Obra de Arte do Futuro, redigirá ainda Ópera e Drama e Uma Comunicação aos meus Amigos, a par de vários outros textos mais circunstanciais de menores dimensões.
A Arte e a Revolução era apenas o esboço rápido de uma reflexão que Wagner levaria a cabo mais extensa e mais fundadamente em A Obra de Arte do Futuro. No fundamental Wagner pretendia unificar as grandes questões estéticas que o preocupavam com as questões de natureza política que estavam na ordem do dia e que encontravam expressão teórica na esquerda hegeliana, em particular em Marx e Engels, que haviam publicado o Manifesto do Partido Comunista em 1848, mas também em activistas como Bakunine, que viriam depois a entrar em litígio com Marx, no âmbito da I Internacional.
Um dos tópicos centrais de A Obra de Arte do Futuro é precisamente a crítica radical do Estado e dos valores que lhe estão associados, designadamente dos valores estéticos subordinados às relações de poder, económicas e políticas, que arrastam consigo a especialização artificial das «modalidades artísticas». Para levar a cabo esta crítica e conceber a alternativa de uma arte unificada, produzida pela «comunidade dos artistas», numa sociedade capaz de a receber, Wagner parte do modelo da tragédia grega, para poder traçar a linha da posterior desagregação das «artes» e assim poder compreender o carácter alienado das manifestações artísticas do presente e o caminho de reunificação que se perfila no futuro.

 
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