a banalização da Corrupção
a má moeda come a pior moeda
Quem se recorda de Cavaco Silva, quando era 1º ministro, inaugurar um curto troço de via rápida (o que na época foi amplamente glosado), ali perto de Sete Rios em Lisboa, com as fanfarras dos grandes acontecimentos? (a chegada da modernidade atrelada aos fundos sociais europeus)
Recordando o estado actual desse “sucesso” primordial, voltando ao local do crime, hoje está assim – tal como o país, degradado.
Entretanto, quanto roubaram os ricos aos pobres?, cuja condição como classe, segundo as contas das estatísticas, se agravou substancialmente e já somam 2 milhões? (fora a classe média, que caiu para meia remediada). Desde 1995, do princípio ao fim do governo Sampaio, um longo caminho se tem percorrido para reduzir o povo à mediocridade.
Nomes e moradas de gente envolvida em ilícitos (segundo os cânones antigos, que não os da imoralidade vigente), existem em barda no DIAP e em tudo o que é esconso de Justiça:
A banca em geral (BES, BCP), o Finibanco (de Berlusconi) BPN (operação Furacão), Isaltino Morais (o ministro de Durão Barroso), Torres Couto, a gestão da Parque-Expo98, António Preto (PSD), Fátima Felgueiras e o financiamento ilegal do PS, Joaquim Raposo e inúmeros funcionários da Câmara da Amadora; e de mais 8 câmaras municipais (no mínimo) envolvidos em alterações ilegais de PDM,s, José Sócrates e o caso Freeport construido em zona de reserva natural em Alcochete, o caso Portucale e o financiamento ilegal do CDS, Pinto da Costa, Valentim Loureiro e o Apito Dourado, o caso Casa Pia como estratagema de golpe-de-estado constitucional para (destruindo o PS) mudar o regime para a órbita dos neoconservadores (o ex-PGR nos meios forenses tinha a alcunha de “o almofadinha”), o envolvimento das cadeias de Televisão na prestação de falsos testemunhos, Paulo Portas que saiu incólume do Caso Moderna com o envolvimento directo de Celeste Cardona e Adelino Salvado, o beato Bagão Félix e o “golpe da Tanga” Sport Lisboa e Benfica- EPUL, o SIRESP e Daniel Sanches, o negócio dos pareceres jurídicos que envolvem Gabinetes ministeriais (com 250 milhões de euros gastos em 2003), o caso “Angolagate” (a ser julgado em França) que envolve o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Durão Barroso na venda ilegal de armas com o apoio explicito do próprio Cavaco Silva em comícios do MPLA, José Lamego e Armando Vara no caso Eurominas, Raul dos Santos (PSD) na Câmara de Ourique, Ferreira Torres na CM do Marco, o caso da Mata de Sesimbra, a Câmara de Lisboa e o financiamento da Fundação Mário Soares, o caso Emaudio, a Afinsa em parceria com vários bancos, o Grupo Amorim e o financiamento ilegal das campanhas eleitorais do PS, Dias Loureiro e o monopólio ilegal dos Canadair, Nuno Cardoso vs Rui Rio na permuta dos terrenos das Antas, a Euroamer, Carlucci (Grupo Carlyle) e as ramificações portuguesas completam a necessariamente incompleta lista de actividades dos Tubarões mais notórios; enfim, passando por cima de milhares de pilha-galinhas menores com assento na bolha do Imobiliário que gravitam em redor dos planos de (des)ordenamento do território, que por sua vez financiam as colmeias de vespas dos partidos a nivel autárquico – e por fim, (sem passar pela Madeira) só de Janeiro a Outubro deste ano foram abertos em Portugal mais de 8 mil inquéritos a outros tipos de crimes económicos.
Como é normal também em Portugal, depois de uma década de ouro de regabofe, de escândalos sempre em crescendo, no fim, a via rápida para o enriquecimento ílicito construída pelo cavaquismo, termina num sentimento geral de impunidade.
Tão simples como isso: porque já não há mais nada para roubar. Contudo, em última instância, o Polvo não é uma “invenção” da safra nacional – sopra de Oeste com os ventos desolados do “dust-bowl” americano – e agravou-se arrastado na tempestade do neoconservadorismo. A Corrupção é o sistema nervoso central do Capitalismo e há semelhança do que fazemos com quase todos os bens de primeira necessidade para nos alimentarmos, Portugal importa a sua quota parte do Polvo directamente da fonte,
“A Fraude Greenspan”, um livro lançado nos Estados Unidos, arrasa o judeu que comandou o FED, e por extensão a economia global, nas últimas décadas, cujas politicas protegeram as grandes Empresas e ajudaram os ricos a enriquecer ainda mais.
enfim, enquanto durar o Capitalismo, estão todos absolvidos!
para aprofundar o tema:
"George Monbiot e a Corrupção"
o epílogo nacional,
Quem se safou, safou. Em vez de investigar e punir as malfeitorias transactas, os dois partidos chave entendem-se num Pacto de Justiça que salvaguarde o essencial da nomenklatura. Como nos EUA, a politica passa a ser tutelalada pelos tribunais. Todavia, para que o sistema "volte" a ter alguma aparência de seriedade vai ser preciso tramar meia-dúzia de patos com umas fogachadas anti-corrupção que tragam umas résteas de credibilidade - Quem é que se irá lixar?. O pânico é geral. Santana Lopes arrisca a fuga para a frente ao tentar formar o grande partido de direita contra o bloco central, que será dominado pelo PSD. Quando o P"S" acabar de fazer o que a direita não conseguiu, ou a situação se tornar insustentável, o partido fica outra vez de "esquerda". Entretanto o regime desandou todo para a Direita, como é objectivamente a missão de Cavaco, e Washington deseja. É este o programa que vamos ver na televisão nos próximos episódios. (nas entrelinhas, como antigamente). Maquilhados e com nova embalagem, os portuguesitos lá irão votar nos mesmos embustes de sempre.
leitura recomendada:
"Maquiavel, ou os Príncipes Pós-Modernos"
(edição Monthly Review)
Marvila, CML, Obriverca-Lismarvila, Caixa Geral de Depósitos
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Santana, Carmona e Benfica
Diz-se que a corrupção no futebol não ultrapassa 10% da corrupção geral. A primeira tentação foi a de separar o futebol num mundo àparte. Nem 10 nem 90, os 100% são corrupção, simples e intrinsecamente inerente ao sistema. Como se verá adiante, “isto anda tudo ligado”,,,
Sabe-se das ligações de sempre de Pinto da Costa ao Partido Socialista (o Poder que estava a dar). Com o Futebol Clube do Porto na mó de cima durante anos, que haveria de fazer o Benfica? – O primeiro passo é apoiar em peso os antagonistas e comprometê-los com compromissos para o futuro.
Sigamos uma cronologia dos acontecimentos, (dos que existe conhecimento, por via dos jornais),
- a nova direcção do Sport Lisboa e Benfica (SLB), com um passivo de muitos milhões, apoia em peso o PSD nas eleições autárquicas que trazem Santana Lopes para Câmara Municipal de Lisboa (CML). Logo de seguida, ficou famoso o aperto de mão de Eusébio e da Sad Benfica em peso a Durão Barroso, Bagão Félix (sócio notável do SLB, de quem se falava para presidente do clube) e a Santana Lopes durante a campanha eleitoral de 2001 com o apoio massivo da TVI (que já tinha apoiado em força a campanha para sanear a anterior direcção do SLB).
- Barroso ganha o Governo e o financiamento para o novo estádio torna-se efectivo. Nunca mais se ouviu falar do passivo do clube. Mário Dias e Vitor Santos, figuras proeminentes do grupo do Betão ascendem dentro do SLB. Alguém irá enriquecer com as perspectivas de mais um estádio entre os muitos do Euro2004.
- No negócio da permuta de terrenos para a construção do Estádio da Luz, que haviam sido doados para uso desportivo (e não para especulação imobiliária), a CML de Santana Lopes envolve a empresa municipal EPUL, entidade a quem é transmitido o gigantesco passivo do negócio. A administração da EPUL demite-se em bloco.
- Luís Filipe Vieira, um integrante efectivo do “lobie da Construção Civil” agrupado em redor do SLB, compra por tuta e meia em processo de falência, através da empresa Obriverca, os terrenos da Fábrica Nacional de Sabões em Marvila.
- Investigados entre 1997 e 2001, chegam ao banco dos réus, só num processo no Porto, 35 acusados em processos de venda fraudulenta de massas imobiliárias falidas, que envolvem centenas de liquidatários, donos de leiloeiras, funcionários judiciais, advogados e empresários. Este é apenas um dos inúmeros grupos que desde sempre se dedicam a este esquema, um pouco por todo o país.
- a Obriverca “abre falência” e o seu património imobilário é “transmitido” à "Lismarvila", que rapidamente os revende, por mais do dobro, à Caixa Geral de Depósitos.
- a “hiper valorização” dos terrenos de Marvila é conseguida pelo compadrio do Director de Urbanismo da CML com os projectistas do empreendimento imobiliário ali a construir. Carmona Rodrigues diz que não tem conhecimento que esses seriam terrenos reservados ao uso do TGV. A Secretária de Estado dos Transportes Ana Paula Vitorino desmente-o dizendo que ela própria o tinha informado do projecto em reunião com a CML.
- Outro “famoso” do “grupo da construção civil do SLB, conhecido pelo “Bibi”, arrasta a CML para outro escândalo com a urbanização da Infante Santo, depois de um outro prédio no Marquês de Pombal, construido com apoio de fundos do BES, estar embargado há vários anos por construção de pisos de caves ilegais – processos que só podiam ter acontecido com a cumplicidade efectiva da fiscalização da CML.
- Santana Lopes faz o negócio da sua vida com a permuta ilegal de parte dos terrenos do Parque Mayer pelos da Feira Popular, beneficiando a Bragaparques. A mesma empresa acaba por comprar de forma duvidosa em “hasta pública” os restantes terrenos. Santana é promovido a 1º ministro e desaparece do filme, junto com Durão Barroso.
- Helena Napoleão, directora do Urbanismo com PSL, recusa-se a devolver pagamentos indevidos que lhe foram feitos pela EPUL.
- o Tribunal de Contas promete investigar o processo do Túnel do Rossio, onde já foram gastos mais 7,5 milhões de euros do que os previstos 39,2 milhões. A propósito de trazer mais carros para o centro da cidade, numa altura em que se discute a poluição causadora da alterações climáticas: por onde andará o Audi A8 Triptonic do Santana que gastava 17,5 litros de gasolina aos 100 e que custou 62.500 euros à CML?
- A jóia da Coroa de PSL, rebenta já em 2006 - o processo que levou à construção de um novo casino em Lisboa e uma alteração à Lei do Jogo, feita em Dezembro de 2004 já após a dissolução do Parlamento, são dois casos que constam do chamado processo Portucale, cujo objecto central passa por suspeitas de tráfico de influências na aprovação de um empreendimento do Grupo Espírito Santo.
- no caso da Urbanização do Vale de Santo António toda a oposição camarária em bloco diz haver irregularidades e pede que o caso seja investigado.
Barroso, Rio, Carmona e Loureiro: todos diferentes, todos iguais - de visita às irregularidades no Metro do Porto: a falta de apoio dos fundos sacados ao património público já se começam a fazer sentir nos clubes do Apito do Norte. A propósito do Porto: por onde andará o ex-vereador Paulo Morais que não foi reconduzido pelo executivo de Rui Rio e até se deu à maçada de escrever um livro em que acusou preto no branco os serviços de urbanismo de Corrupção?
- Entretanto, a sul, por esta altura, os valores extorquidos à Câmara de Lisboa, já faziam Vale e Azevedo parecer um puto vulgar que andava a roubar chupa-chupas,,,
- Carmona Rodrigues nega quaisquer ilegalidades em novo processo em que a EPUL é acusada de ter pago 8,1 milhões de euros ao Benfica para a construção das infraestruturas dos ramais de acesso ao Estádio da Luz.
- a “Operação Furacão” atinge dezenas de Construtoras, entre elas as 3 maiores do país.
- Na sequência das denúncias do incansável vereador Sá Fernandes, a Policia Judiciária investiga a CML. No entanto, as investigações da PJ estão relacionadas com um pedido de inquérito feito em 2005 à Procuradoria-Geral da República pelo então presidente da Câmara Pedro Santana Lopes, na sequência de dúvidas suscitadas pela oposição e pela Assembleia Municipal de Lisboa em relação à forma como decorreu a hasta pública em que a Bragaparques comprou a parcela restante dos terrenos.
- Tentativa de corrupção com uma proposta na qual Domingos Névoa (Bragaparques) propunha pagar a Ricardo Sá Fernandes, irmão de José Sá Fernandes, 200 mil euros, para que o vereador deixasse de contestar o negócio do Parque Mayer. Entre outras provas, o MP apresenta gravações dos telefonemas entre o arguido e o advogado Ricardo Sá Fernandes.
- Carmona Rodrigues e Fontão de Carvalho (são apanhados nas escutas) e anulam in extremis convite para fim de semana em Trás os Montes feito pelo dono da Bragaparques.
- Jornalistas do «Sportugal» proibidos de falar com a Comunicação Social
- a vereadora do Urbanismo Gabriela Seara é envolvida, outra vez com a Bragaparques, em favorecimento ilegal no empreendimento “Estefanea Plaza”
- Janeiro de 2006: a maioria dos vereadores aprova uma solução de compromisso para a CML – todos estão de acordo que a Câmara está falida!. E culpados? Há? já não falar no retorno ao património da cidade, dos bens mal adquiridos – já que não há mais nada para roubar, o executivo deixou de ser aliciante. Ninguém parece interessado em oferecer-se para resolver o problema. Mas, “senhores-que-se-seguem, que diacho, os que vierem, ao menos dêem-nos uma ligeira lufada de honestidade, ok?
“Fala-se dos juízes no futebol e parece que tudo o mais é um deserto! Mas sabemos que não é assim”
Pedro Mourão, no artigo intitulado “Juízes, Futebol, Maçonaria e Opus Dei”
A escapatória do neoliberalismo tem estado na fuga para a frente através do investimento massivo na bolha imobiliária. Como não existe outra perspectiva rentável à vista, enterram-se literalmente as mais-valias em tijolos. Na vizinha Espanha, onde haverá eleições dentro de três meses para as Autarquias, o panorama não é muito diferente – a Corrupção atinge todos os partidos de governo.
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