“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

sexta-feira, abril 29, 2005

3 - Finis Europae

“Não é de excluir que o Modelo Social Europeu impluda como implodiu o comunismo russo”
Artigo de Luis Salgado de Matos no “Público” de 18/Abril

Portugal é uma pequena economia aberta.Comerciamos sobretudo com a União Europeia.O nível de vida português é pago por empréstimos europeus: dinheiro limpo, barato, com condições politicas que a maioria dos portugueses adora e condições económicas de que poucos se apropriam.Ninguem nos comprará tanto, ninguem nos financiará com tanta amabilidade. Por isso, estamos entre os que mais perderão com uma crise europeia.
Hoje só pensamos na aprovação da chamada “Constituição Europeia”. Esta aprovação, porem, é secundária perante as realidades económicas.São elas que podem levar ao fim da Europa tal como hoje a conhecemos.Vejamos como.
A Europa vive acima dos seus meios. Por isso o Modelo Social Europeu é insustentável. É insustentável a médio prazo porque a população não se reproduz e não haverá dinheiro para pagar as despesas de Saúde nem as pensões de Reforma, ambas crescentes devido ao envelhecimento da população. Sendo menor a população activa, a produção será menor, o que aumentará o défice Social. A única maneira de aumentar a produção será aumentar a Imigração. Mas o dito modelo é racista e não estabiliza a imigração aos niveis requeridos pela economia.
É insustentável a curto prazo. A Europa já está em défice orçamental. É o preço do famoso Modelo Social. Por enquanto a balança de transacções correntes está equilibrada. Mas a recente reformulação do Pacto de Estabilidade e Crescimento aumentará o défice do Estado. O que deminui a competividade económica: O que trará um défice de pagamentos correntes.
Como a dívida europeia é elevada, será dificil pedir emprestado.Começarão os rumores de desvalorização do Euro – o que estimula a fuga de capitais. O que fará a produção cair ainda mais. Os sindicatos exigirão então um maior défice estatal, o qual por sua vez aumentará o défice externo. É um cenário conhecido.
A curto prazo, o processo de aprovação da Constituição Europeia agravará a imprevisibilidade, acrescentando-lhe um risco politico.
Na crise, os valores Europeus serão sacrificados aos nacionais. Com efeito, na tormenta, procuramos refúgio seguro. Ora o bom, velho Estado-Nação é mais seguro do que a Europa. Este movimento já está em curso: uma recente sondagem de Bruxelas revela que os Estados-Membros da União Europeia desconfiam dela e preferem o nacionalismo. A “Europa do Directório” e a “várias velocidades” são manifestações nacionalistas – só que a doença tem aqui forma benigna.
O Modelo Social Europeu é centralizado, rígido e oposto ao Mercado mundial. Tal como o comunismo russo. Tal como ele pode desaparecer de um dia para o outro. Inexplicavelmente. É certo que a Europa pode sobreviver-lhe. Mas será uma Europa feroa e sem solidariedade.
Para evitar estes males potenciais, devemos estar preparados para eles. Temos que produzir mais e melhor, adequando a protecção social às possibilidades económicas e aumentando a competitividade.

 
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