“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

sábado, abril 30, 2005

A II Guerra

Artigo de Vasco Pulido Valente no “Público” de Sábado 30 de Abril

A II Guerra Mundial acabou na prática há 60 anos, quando a 30 de Abril Hitler deu um tiro na cabeça, e formalmente a 7 de Maio em Reims, com a rendição da Wehrmacht a Eisenhower e, a seguir, a 8, ao Exército Vermelho, perto de Berlim. Apesar disso, a resistência continuou na frente checa, contra os russos, que ainda sofreram do dia 7 ao dia 11,,, 44 mil baixas.
Na ultima fase da campanha aliada, do desembarque da Normandia à queda de Berlim, as forças americanas tiveram 109.820 mortos e 356.660 feridos; as forças britânicas, canadianas e polacas 42.180 mortos e 131.420 feridos; e as forças soviéticas mais de Meio-Milhão de mortos, dos quais 319 mil só no assalto final, entre Outubro de 1944 e Maio de 1945. Estes números bastam para desfazer alguns mitos da história posterior: a suposta traição de Ialta, a “passividade” estratégica de Eisenhover e a fantasiosa “corrida para Berlim” de Montgomery. Nem Roosevelt “entregou a Estaline a Europa de Leste, nem Eisenhover podia avançar para leste mais do que avançou, nem Montegmory chegaria a Berlim, mesmo com a totalidade do exército aliado sob o seu comando. Foi a URSS que destruiu o poder militar da Alemanha e ganhou a guerra.
E foi sobretudo por isso que o Ocidente aceitou sem resistência a divisão da Europa; e o comunismo ocidental sobreviveu por um tempo às “revelações” do que verdadeiramente se passava do “outro lado”. Para milhões, era impossível esquecer quem de facto os salvara.
Hoje a herança da guerra não cuatta a perceber. O que, apesar de rios de palavras, não se percebeu ainda é como a Alemanha seguiu Hitler numa aventura sem sentido e a levou ao seu amargo extremo. Não existia qualquer objectivo defenido e cumprível, excepto em teoria o domínio do mundo. De resto, em Dezembro de 1941, depois da derrota em frente de Moscovo e de a América, em grande parte provocada por Hitler, entrar em cena, não existia tambem qualquer possibilidade de vitória. A campanhas de 1942, que acabou no desastre de Estalinegrado, e o assalto ao saliente de Kursk em 1943, que destruiu para sempre a superioridade dos “panzer” não passaram já de actos suicidas. Ninguém no Estado-Maior ignorava isto e os próprios dignitários nazis não se iludiam. No fim, de 1944 em diante, até o mais pequeno soldado, empurrado pelo Exército Vermelho do Cáucaso à Polónia, sabia perfeitamente o que o esperava.
Em Abril de 1945 alguns milhares desertaram, como Ratzinger, para a frente americana ou inglesa. A maioria, no entanto, indiferente ao apocalipse, continuou a combater. De Janeiro a meados de Maio de 1945 morreram 400 mil. Esta irrupção na história de uma irracionalidade absoluta continua a ser tão incompreensível e aterrorizante como na altura do seu triunfo.

 
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