“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

quarta-feira, junho 08, 2005

"Classe média está 15% mais pobre desde 2001"

"Os portugueses têm sido muito pacientes face ao significativo empobrecimento que sofreram nos últimos anos", considera Carlos Pereira da Silva, professor catedrático do Instituto Superior de Econo- mia e Gestão e presidente do Instituto dos Actuários Portugueses. O economista estima em cerca de 15% a perda de poderhttp://www.blogger.com/img/gl.link.gif
insert link de compra sofrida pela classe média apenas entre 2001 e 2005. Uma erosão que deverá manter-se nos próximos anos, tendo em conta o agravamento do IVA e o anúncio de aumentos salariais médios de 2% para os funcionários públicos até 2009, abaixo da inflação prevista.
A estimativa de Pereira da Silva contabiliza não apenas o diferencial entre as actualizações salariais e a inflação - sempre mais alta do que a evolução dos rendimentos -, mas também o efeito multiplicativo gerado pelo crescimento superior à inflação de muitos bens e serviços, impostos e até os juros que, apesar de baixos, estão acima do crescimento real dos salários.
Só o IVA sofrerá, até ao final deste ano, um crescimento acumulado de quase 24% face a 2001, lembra o vice-presidente do ISEG. O escalão superior do IVA passou primeiro de 17% para 19% e no segun- do semestre deste ano sofrerá um agravamento para 21%. Mas também os preços de produtos como a gasolina e transportes aumentaram acima da inflação.
Para o empobrecimento da classe média contribuiu, particularmente, o efeito da adesão ao euro, que produziu um aumento dos preços em cadeia. "Estudos europeus referem que a entrada em vigor do euro foi responsável pelo crescimento de 2% a 3% dos preços em média, havendo mesmo casos em que se chegou aos 5%, por efeito dos arredondamentos para cima. As pessoas andaram pelo menos um ano iludidas com o euro até perceberem que estavam a pagar tudo mais caro."
No caso português concorrem ainda para a perda de rendimento disponível das famílias outros factores. O ex-presidente do Instituto de Gestão dos Fundos de Capitalização da Segurança Social aponta, por exemplo, o "brutal" aumento do Imposto Municipal sobre Imóveis (ex-contribuição autárquica), que, de um dia para o outro, aumentou a factura de muitas famílias e vai continuar a crescer, pois é progressivo. Outro exemplo está na redução de algumas prestações da Segurança Social, como é o caso do abono de família, que foi reduzido para muitas famílias da classe média. E, para todos, desde 2004, o subsídio de doença baixou de 65% para 55% para as baixas até 30 dias. Além de que os cortes nas pensões vão também reduzir o poder de compra de muitas famílias.
Da lista de "ataques" à classe média constam também a redução dos benefícios fiscais. Os benefícios aos Planos de Poupança Reforma (PPR) foram reduzidos, com efeitos a partir deste ano. E, ainda no que ao mercado de capitais diz respeito, devem ser ainda consideradas as perdas da bolsa entre 2001 e 2002, que afectaram a poupança de muitas famílias de rendimentos médios. No auge do "capitalismo popular", muitas famílias foram incentivadas a recorrer a empréstimos para comprar acções e ainda não recuperaram as perdas.
A importância das taxas de juro na avaliação do poder de compra é explicado por Pereira da Silva pelo elevado nível de endividamento da classe média. "Apesar das taxas de juro terem sido baixas neste período, em torno dos 4,5% ou 5%, estão sempre acima da inflação, que andou pelos 2,5%. Se pensarmos que os salários cresceram abaixo disso, então o mesmo dinheiro hoje compra menos do que em 2001", conclui aquele economista.
Face à previsão de aumentos médios de 2% ao ano até 2009, inscrita no PEC, o poder de compra dos funcionários deverá baixar 0,5 pontos percentuais este ano e mais 0,9 pontos já em 2006 (inflação prevista de 2,9%). Nos quatro anos, estima-se uma perda de 2,4 pontos percentuais nos salários reais.

DN-6Junho- http://dn.sapo.pt/2005/06/06/suplemento_negocios/classe_media_esta_15_mais_pobre_desd.html

 
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