“variações infímas podem alterar irreversivelmente o padrão dos acontecimentos” Uma simples mistificação dos economistas americanos, fazendo tábua rasa da distinção entre o Valor de Uso e o Valor de Troca das mercadorias, cientificamente dada a conhecer á Humanidade por Karl Marx em “O Capital” moldou o mundo do pós-guerra tal e qual o conhecemos.

sábado, abril 30, 2005

A II Guerra

Artigo de Vasco Pulido Valente no “Público” de Sábado 30 de Abril

A II Guerra Mundial acabou na prática há 60 anos, quando a 30 de Abril Hitler deu um tiro na cabeça, e formalmente a 7 de Maio em Reims, com a rendição da Wehrmacht a Eisenhower e, a seguir, a 8, ao Exército Vermelho, perto de Berlim. Apesar disso, a resistência continuou na frente checa, contra os russos, que ainda sofreram do dia 7 ao dia 11,,, 44 mil baixas.
Na ultima fase da campanha aliada, do desembarque da Normandia à queda de Berlim, as forças americanas tiveram 109.820 mortos e 356.660 feridos; as forças britânicas, canadianas e polacas 42.180 mortos e 131.420 feridos; e as forças soviéticas mais de Meio-Milhão de mortos, dos quais 319 mil só no assalto final, entre Outubro de 1944 e Maio de 1945. Estes números bastam para desfazer alguns mitos da história posterior: a suposta traição de Ialta, a “passividade” estratégica de Eisenhover e a fantasiosa “corrida para Berlim” de Montgomery. Nem Roosevelt “entregou a Estaline a Europa de Leste, nem Eisenhover podia avançar para leste mais do que avançou, nem Montegmory chegaria a Berlim, mesmo com a totalidade do exército aliado sob o seu comando. Foi a URSS que destruiu o poder militar da Alemanha e ganhou a guerra.
E foi sobretudo por isso que o Ocidente aceitou sem resistência a divisão da Europa; e o comunismo ocidental sobreviveu por um tempo às “revelações” do que verdadeiramente se passava do “outro lado”. Para milhões, era impossível esquecer quem de facto os salvara.
Hoje a herança da guerra não cuatta a perceber. O que, apesar de rios de palavras, não se percebeu ainda é como a Alemanha seguiu Hitler numa aventura sem sentido e a levou ao seu amargo extremo. Não existia qualquer objectivo defenido e cumprível, excepto em teoria o domínio do mundo. De resto, em Dezembro de 1941, depois da derrota em frente de Moscovo e de a América, em grande parte provocada por Hitler, entrar em cena, não existia tambem qualquer possibilidade de vitória. A campanhas de 1942, que acabou no desastre de Estalinegrado, e o assalto ao saliente de Kursk em 1943, que destruiu para sempre a superioridade dos “panzer” não passaram já de actos suicidas. Ninguém no Estado-Maior ignorava isto e os próprios dignitários nazis não se iludiam. No fim, de 1944 em diante, até o mais pequeno soldado, empurrado pelo Exército Vermelho do Cáucaso à Polónia, sabia perfeitamente o que o esperava.
Em Abril de 1945 alguns milhares desertaram, como Ratzinger, para a frente americana ou inglesa. A maioria, no entanto, indiferente ao apocalipse, continuou a combater. De Janeiro a meados de Maio de 1945 morreram 400 mil. Esta irrupção na história de uma irracionalidade absoluta continua a ser tão incompreensível e aterrorizante como na altura do seu triunfo.

INDIE LISBOA 2005

2º FESTIVAL DE CINEMA INDEPENDENTE DE LISBOA - 21 Abril a 1 de Maio
veja a programação aqui: - http://home.no.net/zeroemc/press/programaINDIE2005.pdf
o Filme de estreia:
BORN INTO BROTHELS” Um Documentário de Zana Briski e Ross Kauffman 21 e 25 de Abril
Paralelamente estará patente uma exposição, organizada pela Fundação “Kids With Cameras".

Retrospectiva Jia Zhangke - A China vista pela nova geração pós Revolução Cultural

PICKPOCTET+IN PUBLIC - 1997
PLATAFORM - 2000
UNKNOWN PLEASURES - 2001
THE WORLD - 2004

sexta-feira, abril 29, 2005

4 - O cidadão europeu

( Artigo gentilmente surripiado a http://shortdickman.blogspot.com/ )

§ Está viciado no consumo excessivo
§ Precisa de ordenados altos para sustentar o seu hábito de consumo
§ Possui direitos adquiridos de ordenado e trabalho
§ Os imigrantes ameaçam os seus direitos adquiridos pelo facto de aceitarem condições mais precárias de trabalho.
§ A classe media inicia o seu processo de descapitalização através dos grandes aumentos de preços e impostos.
§ Manifestações civis expressam esse descontentamento
§ As taxas de desemprego aumentam e com elas o descontentamento e a confiança económica que fazem automaticamente diminuir o consumo de bens de segunda necessidade.
§ Cada trabalhador tem agora indirectamente que produzir para si e para outros cidadãos improdutivos através do pagamento de altos impostos ficando o seu ordenado líquido significativamente diminuído.
§ O populismo e a luta pelo poder das classes politicas leva a propagandas de empregabilidade dos desempregados na função pública o que aumenta as despesas públicas e os impostos dos produtivos do sector privado e a sua consequente descapitalização.

Plano prospectivo:
§ Os cidadãos europeus começam a depositar a culpa do seu decréscimo de vida nos imigrantes que tornaram precárias as suas condições de trabalho.
§ Há a possibilidade de desenvolvimento de mecanismos racistas e xenófobos contra as pessoas de fora
§ Poderá haver uma tendência a uma viragem à direita da maioria dos países europeias
§ Haverá ainda a possibilidade de acordos que permitam uma maior autonomização do poder politico nos países europeus o que poderá originar regimes políticos autoritários. A dialéctica marxista foi acusada como falsa cedo demais.
§ Não creio que desemboquemos num regime comunista tal como o próprio o previa mas que o nosso regime capitalista colapse por fim sob uma grande terceira guerra aparecendo no limite um regime diferente daquele em que vivemos hoje.

Conclusão
O capitalismo é um regime económico que apenas pode viver de desigualdades. As desigualdades trazem grandes benefícios para as empresas…como para os cidadãos dos países desenvolvidos.
As empresas, núcleo fundamental do sistema capitalista parecem elas também estar a ser grandes vítimas desta nova onda globalizante.
Mais uma vez assistimos à armadilha da história clastriana ao vermos o capitalismo desembocar na globalização que tornará o mundo num espaço muito mais igualitário, e muito mais colapsante para o novo estado, para o novo modo de produção, para um novo estado de exploração do homem pelo homem!

3 - Finis Europae

“Não é de excluir que o Modelo Social Europeu impluda como implodiu o comunismo russo”
Artigo de Luis Salgado de Matos no “Público” de 18/Abril

Portugal é uma pequena economia aberta.Comerciamos sobretudo com a União Europeia.O nível de vida português é pago por empréstimos europeus: dinheiro limpo, barato, com condições politicas que a maioria dos portugueses adora e condições económicas de que poucos se apropriam.Ninguem nos comprará tanto, ninguem nos financiará com tanta amabilidade. Por isso, estamos entre os que mais perderão com uma crise europeia.
Hoje só pensamos na aprovação da chamada “Constituição Europeia”. Esta aprovação, porem, é secundária perante as realidades económicas.São elas que podem levar ao fim da Europa tal como hoje a conhecemos.Vejamos como.
A Europa vive acima dos seus meios. Por isso o Modelo Social Europeu é insustentável. É insustentável a médio prazo porque a população não se reproduz e não haverá dinheiro para pagar as despesas de Saúde nem as pensões de Reforma, ambas crescentes devido ao envelhecimento da população. Sendo menor a população activa, a produção será menor, o que aumentará o défice Social. A única maneira de aumentar a produção será aumentar a Imigração. Mas o dito modelo é racista e não estabiliza a imigração aos niveis requeridos pela economia.
É insustentável a curto prazo. A Europa já está em défice orçamental. É o preço do famoso Modelo Social. Por enquanto a balança de transacções correntes está equilibrada. Mas a recente reformulação do Pacto de Estabilidade e Crescimento aumentará o défice do Estado. O que deminui a competividade económica: O que trará um défice de pagamentos correntes.
Como a dívida europeia é elevada, será dificil pedir emprestado.Começarão os rumores de desvalorização do Euro – o que estimula a fuga de capitais. O que fará a produção cair ainda mais. Os sindicatos exigirão então um maior défice estatal, o qual por sua vez aumentará o défice externo. É um cenário conhecido.
A curto prazo, o processo de aprovação da Constituição Europeia agravará a imprevisibilidade, acrescentando-lhe um risco politico.
Na crise, os valores Europeus serão sacrificados aos nacionais. Com efeito, na tormenta, procuramos refúgio seguro. Ora o bom, velho Estado-Nação é mais seguro do que a Europa. Este movimento já está em curso: uma recente sondagem de Bruxelas revela que os Estados-Membros da União Europeia desconfiam dela e preferem o nacionalismo. A “Europa do Directório” e a “várias velocidades” são manifestações nacionalistas – só que a doença tem aqui forma benigna.
O Modelo Social Europeu é centralizado, rígido e oposto ao Mercado mundial. Tal como o comunismo russo. Tal como ele pode desaparecer de um dia para o outro. Inexplicavelmente. É certo que a Europa pode sobreviver-lhe. Mas será uma Europa feroa e sem solidariedade.
Para evitar estes males potenciais, devemos estar preparados para eles. Temos que produzir mais e melhor, adequando a protecção social às possibilidades económicas e aumentando a competitividade.

1 - O dilema económico da Europa e o aproximar da terceira guerra mundial

(texto gentilmente surripiado a http://shortdickman.blogspot.com/)

O parlamento europeu e as Empresas

§ Precisam de tornar o núcleo económico europeu mais competitivo a nível de custos de produção
§ Para isso recorre a mão-de-obra estrangeira mais barata que torna os seus preços competitivos com os novos produtores mundiais emergentes.
§ As empresas precisam de ter garantias de escoamento dos produtos nos países desenvolvidos onde há poder de compra.
§ Com a entrada de indivíduos de países de fora da Europa os cidadãos europeus perdem os seus empregos e começam a ficar descapitalizados
§ Para garantir o funcionamento e a capitalização destas empresas e impedir que deslocalizem (o que implicaria quebra de receitas cobradas pelos impostos pelos estados onde se encontram localizadas) o estado dá rendimentos mínimos aos cidadãos dos países desenvolvidos independentemente serem ou não produtores formando assim um grande numero de potenciais consumidores e um grande numero de não produtivos e contributivos para o regime institucionalizado da segurança social.
§ Estes rendimentos mínimos e a sustentação da segurança social e do SNS são conseguidos através de um aumento dos impostos à classe media que ainda possui um emprego mais ou menos estável fazendo diminuir o seu acumular de capital não investido no consumo pela transferência que faz desse mesmo capital para o seu gasto por indivíduos e famílias completamente descapitalizados ou desempregados que o usam em bens de primeira necessidade.
§ Desta forma o dinheiro deixa de estar acumulado pela classe media que suplanta facilmente as suas necessidades primárias com 30, 40 ou 50% do seu ordenado e passa a ser gasto por indivíduos descapitalizados onde todo este subsídio será a 100% gasto em bens de primeira necessidade. Impedindo assim a capacidade de investimento da classe media e favorecendo grandemente os monopólios instalados.
§ Os monopólios por consequência favorecidos por estas medidas acabam em ultima instancia por levar à alienação dos consumidores através da fetishização da mercadoria onde o consumidor perde por completo a noção do valor das coisas que consome vendo-se a pagar preços muito superiores ao seu valor real. É o cumulo da especulação!
§ A existência de monopólios acaba assim eliminando por completo o factor liberalização / competição
§ Desta forma o capital de um indivíduo da classe media passa a ser gasto como se esse individuo tivesse duas bocas para alimentar com bens essenciais a sua e a do indivíduo com o subsídio.
§ Parte dos rendimentos auferidos na Europa por alguns cidadãos estrangeiros transformam-se em remessas que retornam aos seus países de origem não sendo gastos imediatamente no consumo em produtos de empresas europeias.

quarta-feira, abril 20, 2005

os maiores Empresas de Contratação (americanas) Link Aqui

As 100 Maiores mundiais
Lockheed Martin Corporation----------------$20,690,912,117
The Boeing Company-------------------------$17,066,412,718
Northrup Grumman Corporation---------------$11,894,090,277
General Dynamics Corporation----------------$9,563,280,236
Raytheon Company--------------------------- $8,472,813,918
Halliburton Company-------------------------$7,996,793,706
United Technologies Corporation ------------$5,056,937,646
Science Applications International----------$2,450,781,108
Computer Sciences Corporation --------------$2,390,806,128
Humana, INC --------------------------------$2,372,078,226
L-3 Communications Holding, INC-------------$2,260,292,852
BAE Systems PLC ----------------------------$2,192,647,377
Health Net, INC ----------------------------$1,899,824,940
General Electric Company, INC---------------$1,822,720,199
Bechtel Group, INC--------------------------$1,742,470,267
Bell Boeing Joint Program-------------------$1,539,815,440
ITT Industries,INC--------------------------$1,539,742,075
Electronic Data Systems Corp----------------$1,538,272,307
Honeywell International, INC----------------$1,462,914,723
Carlyle Group-------------------------------$1,442,680,416
Triwest Healthcare Alliance Co--------------$1,279,718,275
Renco Group, INC----------------------------$1,107,714,525
N.V. Koninklijke Nederlandsche--------------$1,070,123,431
Oshkosh Truck Corp--------------------------$1,024,393,853
Government of the United States ------------$1,005,125,700
North American Airlines---------------------$961,600,936
Fedex Corp----------------------------------$953,937,622
Textron, INC--------------------------------$940,267,009
The Titan Corporation-----------------------$933,553,947
Boeing Sikorsky Comanche Team---------------$929,237,820
Booz Allen Hamilton, INC--------------------$909,662,799
Veritas Capital Management LLC--------------$863,011,144
GM GDLS Defense Group LLC, Joint------------$811,806,569
Parsons Corporation-------------------------$809,149,679
Public Warehouse Company KS-----------------$804,819,568
URS Corporation-----------------------------$803,827,407
Government of Canada------------------------$751,146,926
Anteon International Corporation------------$700,777,237
Johnson Controls, INC-----------------------$696,616,130
Engineered Support Systems, INC-------------$693,853,540
Dell, INC-----------------------------------$642,979,441
A P Moller Gruppen--------------------------$638,727,709
McKesson Corporation Delaware---------------$627,636,543
Massachusetts Institute of Technology-------$607,115,402
Harris Corporation--------------------------$605,789,159
B P PLC-------------------------------------$597,674,231
Alliant Techsystems, INC--------------------$592,439,301
Rockwell Collins, INC-----------------------$588,367,763
American Body Armor and Equipment-----------$579,263,655
Cardinal Health, INC------------------------$575,550,418
The Mitre Corporation-----------------------$555,179,849
Fluor Corporation---------------------------$549,931,378
The Aerospace Corporation-------------------$545,618,920
CACI International, INC---------------------$530,857,936
Chugach Alaska Corporation------------------$524,059,506
Shaw Group, INC-----------------------------$499,387,972
Amerisourcebergen Corporation---------------$495,976,092
Morrison Knudsen Corporation----------------$458,405,045
Perini Corporation--------------------------$444,586,274
Alliant Lake City Small Caliber-------------$428,533,834
Sierra Health Services, INC-----------------$427,761,556
Rolls-Royce Group PLC-----------------------$417,259,050
Arinc, INC----------------------------------$392,104,145
Jacobs Engineering Group, INC---------------$391,400,597
International Business Machines-------------$386,287,823
Johns Hopkins University--------------------$377,338,683
Stewart & Stevenson Services, INC-----------$375,814,557
General Atomic Technologies Co--------------$357,069,481
Goodyear Tire & Rubber Company----------$356,816,813
B F Goodrich Company------------------------$351,560,106
Valero Energy Corporation-------------------$349,713,683
Unicor/Federal Prison Industries------------$348,761,884
Mantech International Corporation-----------$344,464,919
Thales--------------------------------------$339,053,739
GTSI Corp-----------------------------------$335,067,739
United Industrial Corporation---------------$330,749,744
Contrack International, INC-----------------$329,301,182
Motorola, INC-------------------------------$307,815,919
DRS Technologies, INC-----------------------$305,781,572
Raytheon/Lockheed Martin Javelin------------$300,796,459
Battelle Memorial Institute-----------------$298,573,380
Exxon Mobil Corporation---------------------$283,998,683
Abu Dhabi National Oil Co-------------------$276,571,701
Environmental Chemical Corp-----------------$272,591,834
Cubic Defense Systems, INC------------------$267,744,151
Combat Support Associates-------------------$265,499,091
Tetra Tech, INC-----------------------------$261,786,991
Parker Hannifin Corporation-----------------$261,182,102
Atlantic Diving Supply, INC-----------------$256,920,555
Anham Joint Venture-------------------------$256,370,421
Team Apache Systems LLC---------------------$253,487,580
Tyco International, LTD---------------------$252,525,860
CH2M Hill Companies, LTD--------------------$244,492,078
Charles Stark Draper Laboratories-----------$240,280,299
Smiths Industries PLC-----------------------$236,158,991
Army Fleet Support, LLC---------------------$234,587,461
SSANGYONG (USA), INC------------------------$233,381,842
Procter & Gamble Company----------------$233,220,846
DHB Industries, INC-------------------------$232,251,930
VSE Corporation-----------------------------$231,732,524

http://globalsecurity.org/military/industry/top.htm
os maiores Empresas de Contratação (americanas)

terça-feira, abril 12, 2005

ÓPERA


Cavalleria Rusticana e la Navarraise, no Teatro Nacional de São Carlos

Feitas as críticas (nihilistas) sobre os aspectos artísticos tanto Musical como Teatral, no beato blogue Critico Musical - Canto e Encenação AQUI,,,sobeja-nos os comentários sobre a inserção das duas óperas na vida em Sociedade.
Daria um óptimo libreto a descida aos sumptuosos foyers do São Carlos encenando o pedantismo dos frequentadores e os seus pungentes dramas para conservarem a forma operática como género superior de espectáculo para as Elites. No entanto, abstraindo-nos desse pequeno pormenor, e olhando para o palco, regra geral as histórias, amiúde tidas como paradigmas dos mais altos (e baixos) valores e contingências humanas, são afinal na realidade uns brutos dramalhões de faca e alguidar dos quais se tem tendência a sair frequentemente lavado em lágrimas.
1-“Cavalleria Rusticana” de Pietro Mascagni (1890)
melodrama em 1 acto, passa-se numa aldeia do SUL na Calábria violenta e supersticiosa
Embora o título da ópera nos possa sugerir cavalgadas e heroísmos, trat-se na verdade de decifrar as regras de “Cavalheirismo” (Cavalleria) “rústico” (tosco) cujos protagonistas se arrastam nos ciúmes primários entre dois machos bastante rústicos.
A época é a do Risorgimento, a da criação da Unidade Italiana:
Turiddu, um aldeão campónio, descobre ao regressar da tropa (um provérbio da Sicilia reza:”mais vale ser porco do que soldado”) que a sua noiva Lola casou com o homem rico da terra:Alfio. Por vingança Turiddu seduz Santuzza a mais rica herdeira da aldeia e com os ciúmes provocados reconquista Lola. Ali, os vícios e as virtudes são produtos como o açúcar ou as batatas. Santuzza desprezada e humilhada denuncia os infames amantes,,, o compadre Alfio ao descobrir, num velho costume siciliano abraça o seu rival e então Turiddu morde a orelha de Alfio. È o desafio,,,
Neste mundo camponês estes heróis plebeus tratam os seus instintos de honra individuais em ligação estreita aos valores da Familia e da Terra. Aqui o que se faz, cada um faz por si próprio.
Aqui mata-se em dia de Páscoa no largo da Igreja. “Mala Pasqua”! dirá Santuzza no final.

Elisabete Matos, soprano,uma estrondosa ovação!

2 – La Navarraise (a Navarrina) de Jules Massenet (1894)
Por contraste, a NORTE, combate-se pela cidade, pelo Colectivo.Os dramas dos homens tratam-se mais no âmbito das suas contingências sociais como Comunidade.
Uma nova casta burguesa nascida da industrialização em massa nos fins do século XIX, explora o Sul. É a época das greves nos campos, do aparecimento dos sindicatos, do partido operário e do partido socialista.
Em Bilbau na Biscaia, refúgio predilecto dos insurrectos de toda a espécie, um bando de revoltosos numa aldeia basca espanhola insurge-se contra as tropas nacionalistas do general Garrido contra quem travam combates sangrentos e fraticidas. È o periodo das guerras carlistas.
A jovem viúva Anita, a navarrina, está apaixonada pelo recem-promovido alferes Juan Araquil, cujo pai de familia aristocrática para consentir no casamento exige á plebeia Anita um dote de dois mil duros.O General Garrido promete um prémio a quem “caçar” o chefe carlista Zucorraga. Anita insinua-se junto dos revoltosos e mata Zucorraga, voltando para reclamar a recompensa.Aí encontra o seu amado Araquil no prestigio da sua farda, que pensa primeiro nos irmãos caídos do seu regimento, ferido de morte em combate, roido pela dúvida se ela, depois de ser vista no campo inimigo, não será uma espia infiltrada. Com a morte de Araquil, a assassina por amor, não resiste á hecatombe e acaba louca, agarrada ao saco do dinheiro, á porta da Igreja.

Guido de Monticelli – uma encenação notável

Ambas as óperas, ditas naturalistas, rompem com a tradição clássica de encenação romântica burguesa, nos seus cantos nobres abertos e estridentes voluntariamente relaxados em dramas de amor até á morte, ou em tom de comédia cómica (dita bufa) em formas de Arte sem objectivos politicos.
Nesta nova corrente, o “Verismo” (um Realismo de efeito psicologicamente verdadeiro), a Burguesia apercebe-se que, em episódios trágicos e sangrentos, não se morre só de amor!,,, No SUL pobre, na Sicilia morre-se de fome: ganhando uma lira por dia os camponeses, dominados pela submissão cultural á Religião, são a principal fonte na grande vaga de emigração para a América.
No NORTE, mais ateista, morre-se num mundo de sangue e furor onde se joga o futuro, onde uma mulher monstruosa, sob impetos de amor e de preces, comete um crime perpretrado por dinheiro, num drama mais lamentável do que heróico.
A Norte, em Massenet o drama escrito é primordial, surgindo os sons de forma que a Música adira ao texto que desperta o sentido épico colectivo.
No Sul pobre e religioso, em Mascagni é a Música o essencial, uma mistura de romanza napolitana de DiCapua e de hinos religiosos que nos emociona a nivel individual, olvidando-nos das tristes e miseráveis condições de vida social.

segunda-feira, abril 11, 2005

Banco Mundial projecta um ponto de viragem na economia global; paises em vias de desenvolvimento vão crescer, mas de forma mais moderada.

O ciclo económico mundial atingiu “um ponto de viragem”, depois de vários anos de crescimento acelerado, e a economia global deverá crescer a um ritmo mais moderado em 2005. Esta é a conclusão principal de um relatório do Banco Mundial (BM), que nota igualmente que os paises em vias de desenvolvimento cresceram ao ritmo mais acelerado das últimas três décadas em 2004.
No seu relatório “Global Development Finance”, ontem divulgado, o BM estima o crescimento mundial em 3,8 % ao longo de 2005. Este crescimento foi impulsionado sobretudo pelos paises mais pobres (especialmente a China), que cresceram a um ritmo de 6,6 %.
No mundo industrializado houve crescimento robusto nos Estados Unidos, mas tambem no Japão, e até uma retoma modesta na Europa. No entanto o BM avisa que existe uma série de “desiquilibrios financeiros” que sugerem que o ciclo económico está no seu zénite. Entre os riscos citados, encontram-se o aumento dos preços do petróleo, a depreciação do dólar e o disparar dos “défices gémeos” dos EUA.
Esses riscos provocarão um “ajustamento” no crescimento mundial, que o banco estima em 3,1 % para 2005. Ainda assim, os paises em via de desenvolvimento continuarão a expandir as suas economias a alta velocidade.
Zona Euro cresce pouco.
O documento do BM reporta-se sobretudo à situação das nações mais pobres, para as quais está virada a actividade do banco. E, para essas, “2004 foi um ano excepcional”, declarou Uri Dadush, director do departamento do BM responsável peço relatório.”Foi a melhor conjuntura para os paises em desenvolvimento desde há muito tempo”.
Mas, acrescenta Dadush, “não é provável que melhore” em 2005, e os “niveis muito altos de crescimento” nos ultimos anos deverão ser mais contidos. Um dos motivos adiantados por Dadush para isso é a subida das taxas de juro nos EUA.
O défice comercial americano tambem preocupa o BM; deverá atingir os 6 % do PIB em 2006, influenciado sobretudo pelo enorme défice americano nas trocas com a China.
O agravamento desse défice tem empurrado a cotação do dólar para baixo.Ora, os paises em vias de desenvolvimento acumularam grandes reservas em moedas estrangeira nos ultimos anos, grande parte das quais em dólares.
Em relação á Zona Euro, o BM é pessimista. O banco antevê um crescimento de apenas 1,2 % para os Doze em 2005, um valor abaixo da previsão avançada no inicio da semana pela Comissão Europeia (1,6 %)

EVOLUÇÃO DO PIB – crescimento:

Média Mundial ----- 2004 - 3,8 % -- 2005 - 3,1 %
Zona Euro -----------2004 - 1,8 % -- 2005 - 1,2 %
Paises Emergentes - 2004 - 6,6 % -- 2005 - 5,7 %

Fonte: “Global Development Finance 2005”, Banco Mundial

sábado, abril 09, 2005

Abril no Le Monde Diplomatique

EDIÇÃO PORTUGUESA -

- Em 1972 , no auge do combate ao comunismo Soviético, e para estender Bretton Woods á Ásia, o Prsidente americano Richard Nixon reconheceu, numa visita a MaoTseTung em Pequim que ficou célebre, uma única China. Em 1979 na sequência do fiasco do Vietname e da sua expulsão de Teerão, que provocou a 2ª crise petrolífera, os americanos votaram uma resolução no Congresso que os obriga a defender o regime da Formosa/Taiwan onde detêm um investimento colossal, o que determina que Taipé seja de facto uma neo-colónia norte-americana.
Actualmente a barragem á expansão da China faz-se pelo apoio á pretensão do Japão, (uma outra neocolónia cuja “Constituição” foi escrita pelo General Mac-Arthur no pós-guerra), de obter um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, para o que contam com a acção de John Bolton o recém nomeado embaixador yankee nas Nações Unidas, e antigo conselheiro em Taipé pago pelo regime de Taiwan, que como é evidente, um acérrimo defensor da “independência” da ilha.
Um artigo de Ignácio Ramonet

- Na Grã Bretanha, Tony Blair é um zeloso demolidor do Serviço Público, entregando o Ensino Público ao patronato privado e transformando as Escolas em Empresas.
Um artigo de Richard Hatcher, da Faculdade de Ciências de Educação, Birmingham UK

-o NÃO que redestribuiria as cartas na Europa – a pseudo Constituição divide as opiniões públicas dos Vinte e Cinco. Na Europa Ocidental muitos movimentos contam com a França para deter a deriva neoliberal.
Um artigo de Bernard Cassen

- Os Estados Unidos inventam a deslocalização da Tortura
O caso do avião Boeing 747 da CIA que rapta e transporta suspeitos para países cujos regimes ou legislação permite a tortura. Os presos políticos deixam assim de contar com fronteiras nacionais. A recente transferência de prisioneiros das Farc da Colômbia para prisões americanas, o rapto de árabes nas ruas de Milão e de outras cidades europeias que vieram a acordar num campo americano de Cabul no Afeganistão, onde ainda recentemente apareceram 30 prisioneiros mortos, o envio de presos para as prisões do Magrebe e do Médio Oriente onde a tortura é prática comum, é agora uma politica oficial assumida por Washington.
O escândalo, no entanto aconteceu, quando um dos raptos se verificou com um cidadão sueco raptado na própria Suécia,,,
Um artigo de Stephen Grey

-Luta contra o terrorismo á americana, no Canadá – a Policia leva a cabo centenas de operações ilegais contra os independentistas do Quebec ao mesmo tempo que a legislação decaldada do vizinho USA sobre “Segurança” serve para intimidar os jornalistas e colocar os cidadãos sob vigilância.
Dois artigos de Michel Gourd e Jean Michel Djian

-A Civilização do Consumo Total
da conquista das mentalidades até ao eugenismo que pretende alterar os próprios corpos. O Mercado em vias de fabricar, sob os nossos olhos, um novo “homem novo”, destruindo todas as formas de Lei que possam constituir um constrangimento para as Mercadorias. A tal ponto que o Mercado já não quer o Homem como ele é, e socorrendo-se da clonagem e da engenharia genética, exige doravante, claramente, a transformação biológica da Humanidade.
Um artigo de Dany-Robert-Dufour

- A tolerância holandesa posta á prova pelo Islão
o questionamento do ideal Multicultural, as Igrejas, o Estado e a “pilarização” do sistema
um artigo de Marie Claire-Cecilia

- Os Serviços Secretos Ocidentais constroem um novo Inimigo
Com o desaparecimento do “perigo comunista” e do “império do Mal”, os serviços secretos norte-americanos e europeus viram-se privados de um inimigo que justificasse a sua existência e o seu substancial orçamento. Apoiando-se nas actividades de grupos terroristas heterogéneos e díspares, construíram no pós 11 de Setembro, um novo inimigo estratégico dotado de uma perspectiva global e que “estaria a pôr em perigo os valores fundamentais da liberdade e democracia”
Um artigo de Laurent Bonelli

- França e Estados Unidos aumentam pressões sobre Damasco, forçando transformar a crise no contexto regional tumultuoso no Líbano num “Primavera” libanesa. No centro da tormenta está a pretendida destruição do Hezbollah.
Um artigo de Georges Corm e outro de Alain Gresh: “Ocupação e Democracia”

-Estratégias de Conquista Espiritual – os indígenas do Equador apanhados no centro do programa de exploração petrolífera pela operação norte-americana “Nuevos Horizontes”
sobre o corredor Biológico Meso-Americano que engloba toda a região da América Central com epicentro na base de Manta.
Na América latina, região onde a Igreja católica vem perdendo o seu papel dominante, está a operar-se um movimento de fundo: o crescimento da Comunidades Evangélicas fundamentalistas, das igrejas pentacostistas, e de inúmeras seitas ligadas ao poderoso conservadorismo do sul dos Estados Unidos.
Um artigo de Laurent Tranier

No Brasil usa-se o nome de Deus para manter o eleitor cativo – o milagre da multiplicação dos votos.
Politica e Religião não se misturam,,, no entanto os títulos dos jornais diários são sintomáticos:
“o Evangelho segundo os Políticos – revista Veja”
“Guerra Santa na Baixada – o Globo”
“Bittar condena mistura de religião com politica – o Dia”
“Infame mistura no púlpito Evangélico – o Globo”
um artigo de Regina Novaes

e ainda:
-Esperanças frustadas no Leste Europeu – por Catherine Samary
-Manobras francesas no Togo: - Crise e eleições de alto risco – Comi M. Toulabor
-os poderes do Romance: - um ensaio de Milan Kundera
-Marrocos e a Tortura, ontem e hoje – por Ali Amar e Younés Alami
-a Ditadura Chilena reconhece os seus Crimes – por José Maldavsky
- Efervescência popular na Bolívia – por Walter Chavez
- Critica ao livro “Nós os Media” de Dan Gillmor por Carlos Santos Pereira sobre a influência da Blogoesfera no Jornalismo.
- Critica aos livros de Michel Chossudovsky “A Globalização da Pobreza e a nova Ordem Mundial” a “100 imagens de um Mundo Desigual” de Bob Stucliffe e à “Fita do Tempo da Revolução” de Boaventura Sousa Santos
-Efeméride: o Tratado de Bandung que pôs fim á era do Colonialismo – por Jean Lacouture e “Uma Lei contra a História” por Claude Liauzu
-A Leitura como problema politico – por João Luís Lisboa – e A leitura pública no Portugal contemporâneo por Daniel Melo

ver tambem: www.eldiplo.org

sexta-feira, abril 08, 2005

O último livro do Papa João Paulo II, "Memória e Identidade"

,,,publicado na quarta-feira pela editora do costume, a Rizzoli, reflecte a obsessão deste Papa em acabar com a laicidade e está já a levantar celeuma e polémica um pouco por todo o mundo, nomeadamente com o conselho central dos judeus alemães.
Assim, depois de afirmar que não aceitar os ditames dos Evangelhos é uma nova forma de totalitarismo e que este novo totalitarismo está 'insidiosamente escondida por trás da aparência de democracia', conclui que 'devemos interrogar-nos, no início de um novo século e de um novo milénio sobre certas escolhas legislativas decididas nos parlamentos dos regimes democráticos actuais.' Neste passo, o Papa precisa: 'O que vem imediatamente ao espírito são as legislações sobre o aborto',. Acrescentando que os parlamentares que aprovam estas leis devem 'estar conscientes de que estão a ultrapassar as suas competências e a entrar em conflito aberto com a lei de Deus e a lei da natureza'.
Claro que o piedoso Papa se esqueceu de mencionar que Hitler chegou ao poder com o precioso auxílio do Partido Católico, Zentrum, liderado pelo monsenhor Klaas, que foi íntimo colaborador de Eugenio Pacelli (depois papa Pio XII) nos anos 20 e de outros partidos cristãos tal como manifestou Pacelli depois das eleições para o Reichstag em 1932: 'É expectável e desejado que, como o Zentrum, e o Bavarian People's Party, assim também os outros partidos que se sustentam nos princípios cristãos e que agora incluem também o Partido Nacional Socialista, nesta altura o partido mais forte no Reichstag, usarão todos os meios de forma a impedirem a bolchevização cultural da Alemanha, que está em marcha pelo mão do Partido Comunista.'
Para além deste branqueamento imperdoável do papel dos partidos cristãos em geral e católicos em particular na ascensão ao poder de Hitler, o Papa dos cristãos menoriza de uma forma vergonhosa o genocídio nazi, insulta, com a habitual e expectável tolerância cristã, todos os que não consideram sagrado um óvulo fertilizado ou um embrião, chamando-lhes implicitamente neo-nazis. Claro que o insulto explícito a todas as mulheres que alguma vez abortaram apenas segue a norma de uma Igreja misógina que ainda hoje considera que a mulher se deve remeter a um papel menor como expiação do pecado original de uma Eva imaginária.
Ateismo.net

O Papa e a Democracia
Manuel Carvalho - no Publico

Em "Memória e Identidade", João Paulo II vai para lá do bem e do mal e, recorrendo a uma linguagem que raia a intolerância, manifesta dúvidas profundas sobre a natureza das democracias laicas e liberais

Nos últimos dias, João Paulo II regressou à actualidade. E não apenas devido ao agravamento do seu estado de saúde; também pela polémica que o seu livro "Memória e Identidade" está a gerar. Não que se vislumbrem nas declarações do Papa opiniões capazes de infirmar o seu profundo conservadorismo ou de relativizar a sua defesa de uma organização política e social nos limiares da teocracia. "Memória e Identidade" é um documento importante porque nos leva até ao extremo da concepção do mundo de Karol Wojtyla, permitindo-nos compreender por que razão é "um contraponto ao Papa João XXIII, que, durante o Concílio Vaticano II, nos anos 60, e de numerosas outras formas, tentou reconciliar os católicos com a era moderna", como ontem escreveu no PÚBLICO Ralph Dahrendorf.
No livro, Wojtyla estabelece o cartesianismo como a fonte primordial dos totalitarismos e das "ideologias do mal". Aquilo que nos ensinaram a considerar como uma libertação torna-se, aos seus olhos, um pecado original: depois de Descartes, "se o homem pode decidir por si mesmo, sem Deus, o que é bom e mau, pode também decidir que um grupo de pessoas seja aniquilado". Simples. Para o Papa, o mundo ideal existiu antes do racionalismo: na Idade Média, "com o seu universalismo cristão, com a sua fé simples, forte e profunda". A violência e a hipocrisia da Igreja desse tempo, que estiveram na origem da Reforma, não existiram, obviamente.
Do cartesianismo ao iluminismo e daqui à denúncia dos males das sociedades ocidentais vai um passo. Mencionando o laicismo "oposto ao evangelho", o Papa chega a perguntar se não estaremos perante "uma nova forma de totalitarismo subtilmente oculto atrás das aparências da democracia". Para João Paulo II, a soberania popular é irrelevante, e o Estado de Direito que garante o pluralismo de opiniões, de hábitos e de crenças e regula até o que é ou não é de "César" parecem merecer-lhe pouco mérito.
Mas é no ataque ao aborto que Karol Wojtyla melhor exprime o seu radicalismo. Não apenas porque o compara a um "extermínio legal", o que levou círculos judaicos na Alemanha a criticarem a relação que sugere com o Holocausto. Também porque, vitupera, este "extermínio" é decidido por "Parlamentos eleitos democraticamente". Ora, precisa o Papa, o nazismo também se consolidou com uma eleição, o que o leva a perguntar se nos Parlamentos, e, em concreto, no Parlamento Europeu, "não se estará operando uma nova ideologia do mal, talvez mais subtil e encoberta".
Nos tempos de incerteza e de mudanças profundas que conhecemos, é útil que o Papa promova os valores morais do cristianismo como referências fundamentais para o futuro. Mas, em "Memória e Identidade", João Paulo II vai para lá do bem e do mal e, recorrendo a uma linguagem que raia a intolerância, manifesta dúvidas profundas sobre a natureza das democracias laicas e liberais. Seguindo o seu raciocínio, é admissível que alguns fiéis as encarem como um alvo a abater. E, assim, o Papa que tanto contribuiu para a democracia no Leste, estará a abrir as portas às heranças mais negras do catolicismo. Que são muitas, como se sabe.

terça-feira, abril 05, 2005

Petróleo em alta já vai quase nos 60 dólares

Publico
Agência Internacional de Energia dá fortes sinais de preocupação e vários países asiáticos estão a accionar medidas de contenção

Preços do petróleo batem recordes apesar do aumento da oferta
Nova York, 16 mar (EFE).- A forte diminuição dos stoks de gasolina e de gasóleo nos Estados Unidos levou o petróleo a registrar preços recordes nos mercados de Nova York e Londres nesta quarta-feira, apesar da decisão da Opep de aumentar imediatamente a sua oferta.
O preço do barril do Petróleo Intermedio do Texas (WTI, leve) para entrega em abril chegou a 56,40 dólares, fato inédito até agora no mercado de matérias-primas de Nova York (Nymex).

Diário Economico
IEA revê em alta procura para 2005
Agência Internacional de Energia (IEA) reviu hoje em alta de 330 mil barris diários a procura de petróleo para este ano, actualmente estimada em 84,3 milhões de barris por dia.
A AIE atribui esta revisão às baixas temperaturas que se fazem sentir e que são susceptíveis de fazer subir a procura de petróleo em mais de 100 mil barris por dia.
Outro factor que fez aumentar a previsão em mais 130 mil barris diários é a convicção generalizada de que a economia norte-americana se vai manter dinâmica no primeiro semestre deste ano.
Por fim, o consumo diário da China, primeira beneficiária do dinamismo da economia dos EUA, foi revisto em mais 100 mil barris.
A procura de petróleo na China deve aumentar este ano 7,9%, face a 2004, para 6,88 milhões de barris diários.
O ano passado, o consumo de petróleo por parte da China aumentou em 15,6%.

segunda-feira, abril 04, 2005

Conseguirão as forças terrestres americanas resistir?

José Loureiro dos Santos
Conseguirão as Forças Terrestres norte-americanas, tornadas protagonistas de uma contra subversão conduzida à escala planetária, resistir à correspondente erosão moral e material? Será possível estabilizar o Iraque, de forma a permitir retirar substanciais efectivos que ali são essenciais à manutenção da segurança, aliviando assim a pressão a que os militares do Exército dos EUA estão a ser sujeitos? A resposta a esta questão dependerá muito da evolução do processo político, mas também do ritmo de levantamento de forças iraquianas suficientemente fortes para substituírem as americanas.

"Portugal é irresponsável a utilizar energia"

Publico - supl.Economia
A factura energética do país aumentou 30 por cento desde o início do ano e os portugueses continuam a viver como "grandes senhores", com enorme desperdício de energia, critica o presidente executivo da Partex Petróleo e Gás. Lurdes Ferreira Os consumidores ocidentais estão hoje "muito mais" vulneráveis à subida do petróleo do que na década de 70, afirma António Costa Silva, presidente executivo da Partex Petróleo e Gás, petrolífera da Fundação Calouste Gulbenkian.

sexta-feira, abril 01, 2005

Governo de Bush prepara intervenções armadas em 25 países

WASHINGTON.— O governo do presidente George W. Bush está estudando a possibilidade de realizar intervenções armadas em 25 países, sob o argumento de que são inestáveis do ponto de vista político, informou, em 30 de março, o jornal britânico The Financial Times, segundo ecoa a Prensa Latina.
De acordo com a edição digital do jornal acima referido, a previsão acerca destas ações futuras está nas mãos de um escritório do Departamento do Estado, que tem como base uma lista de nações, elaborada pelos serviços de espionagem norte-americanos.
Segundo comentou ao The Financial Times, o chefe do chamado Escritório de Reconstrução e Estabilização, Carlos Pascual, a lista de países é revista e atualizada em cada seis meses pelo Conselho Nacional da Inteligência (NIC, suas siglas em inglês).
A dependencia que Pascual lidera foi concebida pela administração Bush após a invasão ao Iraque, devido às falhas evidentes na reconstrução e estabilização do país árabe.
Para essa equipe do Departamento do Estado, a Casa Branca destinou, em 2005, um orçamento de US$ 17 milhões; porém, o projeto do ano 2006 será de US$ 124 milhões.
Funcionários que trabalham no escritório dizem que o governo é profundamente dividido quanto aos «méritos» das nações que se pretende reconstruir e estabilizar e às instituições internacionais que devem fazê-lo.
Por outro lado, organizações de direitos civis estadunidenses exigiram do governo informação acerca do recrutamento militar nas escolas, segundo informou, em 30 de março, o jornal La Opinión.

Discurso de Despedida

Discurso proferido pelo Presidente Fidel Alessandro Castro Ruz, na cerimónia de despedida de Sua Santidade o Papa João Paulo II, no aeroporto de Havana em 25 de Janeiro de 1998:

Santidade:
Cremos que demos um bom exemplo ao Mundo: o Sua Excelência,visitando o país a que alguns insistem em chamar o “último bastião do Comunismo”; e Nós, recebendo o Chefe religioso a quem quiseram atribuir a responsabilidade de ter destruído o Socialismo na Europa. Não faltam os que pressagiam acontecimentos apocalípticos.Alguns inclusivamente o sonham.
Seria cruelmente injusto qua a sua viagem pastoral ficasse associada á mesquinha esperança de destruir os nobres objectivos e a independência de um pequeno país bloqueado e submetido a uma verdadeira guerra económica desde há 40 anos.
Cuba, Santidade, enfrenta hoje a mais poderosa potência da História!, como um novo David, mil vezes mais pequeno, que com a mesma vontade dos tempos bíblicos, luta para sobreviver contra o gigantesco Golias da era nuclear, que trata de impedir o nosso desenvolvimento e nos quer fazer render pelas doenças e pela fome.Se não se tivesse escrito então aquela história, haveria que a escrever hoje!. Não se pode passar em branco por cima deste crime monstruoso que não admite desculpas.
Santidade:
Quantas vezes escuto ou leio as calúnias contra a minha Pátria e o meu Povo, urdidas por aqueles que não adoram outro Deus que não seja o Ouro!, recordo sempre os cristãos da antiga Roma, tão atrozmente caluniados, como já o expressei no dia da sua chegada, e que a culúnia tem sido muitas vezes na Historia a grande justificação dos piores crimes contra os Povos. Recordo tambem os Judeus exterminados pelos Nazis, e os quatro milhões de vietnamitas que morreram debaixo do napalm, das armas químicas e dos explosivos. Ser cristão, ser judeu, ou ser comunista não devia ser razão para que exista o direito que alguem invoque para que possam ser exterminados.
Milhares de jornalistas transmitiram a milhões de pessoas no mundo cada detalhe da sua visita e cada palavra pronunciada. Uma infinidade de nacionais e estrangeiros foram entrevistados em todo o país. As nossa cadeias nacionais de televisão transmitiram ao vivo e em directo, todas as missas, homilias e discursos. Nunca, talvez, tantas opiniões e noticias sobre uma nação tão pequena puderam ser escutadas, em tão breve espaço de tempo, por tantas pesoas, no nosso planeta.
Cuba não conhece o medo!; despreza a mentira!; escuta com respeito; crê nas suas ideias; defende inamivivel os seus princípios e não tem nada que ocultar ao mundo.
Comove-me o esforço que Sua Santidade realiza por um mundo mais justo. Os Estados desaparecerão; os povos chegarão a constituir uma só família humana. Se a globalização da solidariedade que Sua Excelência proclama se estender por toda a Terra e os abundantes bens que o homem pode produzir com o seu talento e com o seu trabalho se possam repartir equitativamente por todos os seres humanos que hoje habitam o planeta, poderia realmente criar-se um mundo pra eles, livre de Fome e de Pobreza; sem opressão nem exploração; sem humilhações nem desprezos; sem injustiças nem desigualdades, onde viver com plena dignidade moral e material, em verdadeira Liberdade, esse sim! Seria um mundo mais justo! As suas ideias sobre evangelização e ecumenismo não estariam em contradição com ele.
Pela honra da sua visita, por todas as suas expressões de afecto aos cubanos, por todas as suas palavras, até áquelas com as quais possamos porventura estar em desacordo, em nome de todo o povo de Cuba,Santidade, lhe dou as nossas graças.

Tribunal de Contas questiona compras da Segurança Social

A Segurança Social contratou, em 2002, por ajuste directo, a aquisição de bens e serviços informático a empresas externas num total de 53,3 milhões de euros, revela uma auditoria do Tribunal de Contas que investiga o recurso sistemático á celebração de contratos SEM CONCURSO, alguns com efeitos rectroactivos, prazos de validade que eram mera ficção e adendas contratuais proibidas por lei

Contra o "dumping" social e o "ultraliberalismo"

Há duas fontes principais de contestação à directiva Bolkenstein: o "princípio do país de origem" e a inclusão dos serviços de interesse geral
P. R.

Há um exemplo paradigmático avançado pelos críticos da directiva Bolkenstein que na semana passada foi muito mencionado: o de trabalhadores da construção civil polacos a trabalhar na Alemanha. A directiva Bolkestein inclui o "princípio do país de origem", segundo o qual um prestador de serviços pode actuar noutra nação europeia segundo as leis do estado-membro onde está estabelecido; isso, argumentam os críticos, levaria as empresas a situarem-se nos países com custos do trabalho mais baixos e protecções sociais menos restritivas.
Ou seja, os trabalhadores da construção civil polacos iriam fazer concorrência desleal aos alemães, porque os salários na Polónia são mais baixos que na Alemanha e as leis laborais polacas são menos generosas que as alemãs. Isso seria "dumping" social - um conceito que, disse o chanceler alemão Gerhard Schroeder, causa "medo e terror" aos seus concidadãos.
Essa é uma das grandes críticas à directiva Bolkestein, e a que despertou mais atenções na cimeira europeia de Bruxelas, na semana passada. Mas há ainda outro ponto altamente controverso: a inclusão de serviços de interesse geral (serviços sociais, de saúde, educativos, culturais, etc.) nos sectores abrangidos pela directiva. Para os críticos, a comercialização desses serviços sem qualificações ou protecções especiais é uma forma de "neo-" ou "ultraliberalismo" - um sentimento expresso pelo Presidente francês Jacques Chirac que, segundo a Reuters, disse na cimeira que "o ultraliberalismo é o novo comunismo".

Dezenas de excepções

Os autores da directiva respondem que nenhuma das críticas tem razão de ser. O "princípio do país de origem" tem dezenas de excepções, entre as quais os serviços postais ou a distribuição de água. Além disso, a deslocação de trabalhadores entre países da União já está regulamentada por uma directiva própria; a directiva Bolkestein considera que temas sensíveis como salários mínimos, condições de segurança e higiene ou horários de trabalho já estão defendidos por essa outra directiva.
Mas os críticos não ficam satisfeitos por essa salvaguarda, considerando que, ao atribuir ao país de origem e não ao país de destino a obrigação de controlo, a directiva Bolkestein iria, na prática, conduzir à desregulamentação generalizada. Ou seja, para evitar a perda de postos de trabalho para firmas em países com legislações laborais mais flexíveis, os estados-membros ficariam pressionados a nivelar as suas leis pelo mínimo múltiplo comum.
O caso dos polacos na Alemanha não é esclarecedor. O "Financial Times" publicou um artigo onde cita defensores da directiva que notam que os receios de "dumping" social já existiam antes do alargamento, e que não se confirmaram; os detractores de Bolkestein afirmam que a liberalização provocaria uma explosão no número de firmas a aproveitar a discrepância entre as condições sociais dos dois países.
Outra queixa tem a ver com a inclusão na directiva de serviços de interesse geral. A Comissão adianta que a directiva Bolkestein não obriga os estados-membros a privatizar esses serviços ou a abolir monopólios.
O texto da directiva deixa mesmo a cada estado-membro o direito de definir que sectores é que podem ou não ser definidos como de interesse público, e a forma como são regulados e financiados. No entanto, os opositores da directiva acham que, especialmente, os serviços ligados à educação e à saúde devem ser protegidos da comercialização, eventualmente colocando-os sob a protecção de uma directiva específica.

links:
Liberalização da prestação de serviços na União Europeia
Perguntas & Respostas
O "sonho" de 600 mil novos empregos
O liberal eurocéptico

 
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